Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de maio de 2018
A PM (Polícia Militar) prendeu, na manhã de quinta-feira (10), o dono da empresa de refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, em sua casa na Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo. As investigações apontam fraude fiscal estruturada, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O dinheiro desviado com a fraude é estimado em R$ 4 bilhões.
Codonho teve a prisão temporária decretada e foi levado ao 77º D.P. (Distrito Policial), onde chegou por volta do meio-dia, segurando um papel com os dizeres: “Preso pela Coca-Cola”. A Coca-Cola respondeu que “não comenta processos judiciais em que não esteja envolvida”.
Ao chegar na delegacia, Codonho afirmou que estaria sendo preso devido a uma perseguição da Coca-Cola e que a empresa que estariam investigando não pertence a ele.
Além do dono da empresa, o ex-contador da Dolly, Rogério Raucci, e o ex-gerente financeiro da empresa, César Requena Mazzi, foram presos. Informações preliminares apontam que a Justiça considerou que a empresa, comandada por Codonho, demitiu funcionários e os recontratou em outra companhia para fraudar o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
“Ressaltamos que há notícia de ações cautelares (…), no âmbito fiscal, a recuperação de ativos de bens do grupo econômico mencionado, responsável por débitos fiscais bilionários já constituídos”, afirma o Ministério Público de São Paulo, em nota sobre o caso.
Dois helicópteros foram apreendidos em São Bernardo do Campo, e quatro carros de luxo, em Cotia. Os PMs também encontraram e apreenderam dinheiro em espécie, incluindo notas de real, dólar americano, euro e libra esterlina, na mansão de Codonho – o valor total não foi divulgado.
A operação envolve o Gedec (grupo especial do Ministério Público paulista para combate à formação de cartel e lavagem de dinheiro), a Procuradoria-Geral do Estado e a Polícia Militar. A advogada que defende Codonho, Maria Elizabeth Queijo, afirmou que não iria se manifestar imediatamente pois não teve acesso aos autos. As defesas dos outros acusados também não quiseram se manifestar.
Em nota, a Dolly classificou de “injusta” a prisão do empresário detentor da marca. “Laerte Codonho sempre colaborou com as autoridades, e tem certeza que provará sua inocência. A defesa recorrerá da decisão e confia na Justiça”, diz o texto.
Segunda vez
Em maio do ano passado, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo deflagrou a Operação Clone, para combater inadimplência fraudulenta do ICMS. À época, haviam suspeitas de que a fabricante de bebidas Dolly teria retomado as suas atividades de forma irregular, a partir da criação de novas empresas, depois de ter sua inscrição estadual cassada em 2016.
A companhia tinha dívidas de R$ 2 bilhões em ICMS. A Dolly disse na ocasião que não praticara sonegação fiscal e que era “vítima de seu escritório contábil que durante anos, omitiu do Fisco dados importantes, provocando um desfalque milionário com falsificação de sentenças, fraude de guias e documentos”, repetindo o que Codonho disse novamente na porta da delegacia.