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Brasil Uma pesquisa indica o crescimento do apoio popular à hipótese de golpe militar no País. A imagem da democracia enfrenta o seu maior desgaste desde 2002

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Levantamento também aponta queda da confiança nas instituições. (Foto: EBC)

Diante de um quadro de “muito crime no País” ou diante de “muita corrupção”, há mais brasileiros que concordam com a hipótese de um golpe de Estado liderado por militares do que os adversários da ideia. Em 11 anos nos quais essa pesquisa quantitativa tem sido feita por diferentes instituições, com o mesmo método científico, essa a primeira vez que o desapreço pela democracia atinge tal estágio.

Os dados são de um levantamento feito entre 15 e 23 de março , com 2,5 mil entrevistas em 26 Estados (com exceção do Amapá), pelo INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia), entidade composta por representantes de quatro instituições acadêmicas principais (UFMG, Uerj, Unicamp e UnB) e a pesquisa será material de estudo a ser destrinchado o ano todo.

Conforme o levantamento, 53,2% dos pesquisados afirmaram apoiar um golpe militar “quando há muitos crimes”. Os que discordam disso somam 41,3%. Outros 5,6% não responderam ou não souberam responder. Em relação a um quadro de muita corrupção, o golpe de Estado seria justificado para 47,8%. Os que divergem desse entendimento são 46,3%. Há 5,8% que não responderam ou não souberam responder.

Esse padrão de comportamento não ocorre quando os entrevistadores alteram a premissa da pergunta. Diante de uma situação de muito desemprego ou de muitos protestos sociais, a ideia de um golpe militar recebe menos apoio popular. Nesses dois casos, quase sete de cada dez brasileiros não concordam que o ato antidemocrático seria justificado.

Liderada pelo cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a pesquisa captou uma série de outros indícios de enfraquecimento da democracia no Brasil. O percentual de brasileiros que afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a democracia, por exemplo, é o mais baixo de uma série que começa em 2002: apenas 19,4%.

Em 2014, os satisfeitos ou muito satisfeitos com o regime democrático eram 38,9%. O auge do contentamento com a democracia ocorreu em 2010, quando 44,4% manifestaram algum grau de satisfação. Anteriormente, o pior resultado havia sido apurado em 2002 e era um terço maior que o atual: 30,3%.

Uma forma tradicional de medir o apreço das pessoas pela democracia é solicitando concordância ou discordância com a frase “A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo”. Desde 2002, o percentual de brasileiros que concordam com a afirmação também é o mais baixo da série, embora ainda seja majoritário: 56,1%. Em 2010, no auge, 77,4% concordavam.

Outra evidência do processo de enfraquecimento da democracia no Brasil é a queda da confiança nas instituições. A mesma pesquisa captou um conjunto de dados nessa direção.

Um dos mais impressionantes é o da avaliação do desempenho de deputados e senadores, que tradicionalmente sempre foi baixo e, ainda assim, cai sucessivamente desde 2002. Dezesseis anos atrás, o trabalho dos congressistas em Brasília era aprovado por 34,3% dos brasileiros. Essa taxa recuou para 26,2% em 2006, caiu para 19,3% em 2010, 15,8% em 2014 e, próxima do chão, é de apenas 5,4% hoje.

Tendência ainda mais acentuada foi observada em relação à Presidência da República. A aprovação de 43% em 2006 (ano em que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reelegeu) despencou para 9,6% em 2018. Isso combina com a baixíssima aprovação do presidente Michel Temer, captada por outras pesquisas – algo sempre próximo a 5%.

Instituições

Taxas que podem ser consideradas baixas (com menos de 40% na soma das respostas “confio muito” e “confio mais ou menos”) também foram observadas para os partidos políticos (8,5%), para o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, (20,6%), sindicatos (27,8%), organizações empresariais (29,2%), movimentos sociais (35,7%) e Poder Judiciário (39,4%). No polo oposto, as instituições com as melhores taxas de confiança foram as igrejas em geral (63,8%), Polícia Federal (63,7%) e Forças Armadas (61,1%).

“O que há é um quadro de desconfiança radical e absoluta nas instituições e nas pessoas”, avalia Avritzer. “O marco inicial disso é junho de 2013, quando jogaram a desconfiança em cima de todos. Agora, a crise joga a institucionalidade nessa vala comum.”

Para o pesquisador, uma das consequências do clima geral de desconfiança é o que chama de “imprevisibilidade absoluta” para as eleições marcadas para outubro. “Não há precedente e não há um padrão que permita imaginar o que esse eleitor irá fazer nas eleições.”

tags: Brasil

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