Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2018
O presidente Donald Trump declarou neste sábado (13) que que a Arábia Saudita pode estar por trás do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi e advertiu que Washington infligiria “severa punição” se isso for verdade.
“Vamos chegar ao fundo disso e haverá uma severa punição”, afirmou Trump, segundo trechos de uma entrevista divulgados neste sábado. “Neste momento, eles negam e negam veementemente. Poderiam ser eles? Sim”, acrescentou o presidente na entrevista.
O caso
O jornalista saudita Jamal Khashoggi sumiu no último dia 2 desde que entrou na sede do consulado da Arábia Saudita em Istambul. Khashoggi deixou a Arábia Saudita no ano passado dizendo temer retaliações por suas opiniões, pois é um crítico às políticas externas do país e à repressão sobre dissidentes. Ele morava nos Estados Unidos e colaborava para o jornal The Washington Post.
Segundo a agência AP, ele foi ao consulado da Arábia Saudita na Turquia para pegar um documento para casar com sua noiva turca. Trump já tinha dito que estava “preocupado” com o paradeiro de Khashoggi e que manteve contato “de alto nível” com autoridades sauditas.
Autoridades turcas afirmaram que, segundo os primeiros resultados da investigação, Khashoggi foi assassinado dentro do consulado. A Arábia Saudita diz que essas acusações “não têm fundamento”. Em entrevista na sexta-feira (11) à agência Bloomberg, o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman afirmou que Jamal Khashoggi “entrou” efetivamente no consulado, mas pouco depois saiu da sede diplomática.
Os promotores turcos investigam o caso. Na última quinta-feira (04), o Ministério das Relações Exteriores da Turquia convocou o embaixador da Arábia Saudita para consultas. Nesta terça, o ministério das Relações Exteriores turco disse que a Arábia Saudita autorizou que os serviços de segurança da Turquia façam buscas em seu consulado em Istambul.
Câmeras de segurança
Uma imagem capturada por câmeras de segurança mostra Khashoggi entrando pela porta principal do consulado. A foto foi divulgada pelo jornal americano The Washington Post e pelo turco Hurriyet, mas não está claro quem a forneceu. Os sauditas afirmam que as câmaras do consulado não estavam funcionando naquele dia.
O presidente turco Erdogan mostrou-se cético em declarações divulgadas na quinta-feira, quando afirmou que a Arábia Saudita tem os mais avançados sistemas de vigilância por vídeo. “Se sair um mosquito [do consulado], seus sistemas de câmera vão interceptar”, afirmou aos jornalistas a bordo do voo que o trazia de uma visita a Budapeste. “Este incidente aconteceu em nosso país. Não podemos ficar calados”, acrescentou.
O canal público turco TRT World informou na terça-feira (09) que as autoridades turcas suspeitam que um grupo de sauditas que chegou a Istambul no dia do desaparecimento do jornalista deixou o país com as imagens do vídeo de vigilância da sede diplomática.