Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Pela primeira vez, o presidente da República e governadores de Estado, entre eles Eduardo Leite, falaram em caixa quebrado e necessidade de cortes imediatos durante os discursos de posse. A partir de hoje, passam a administrar a penúria. Jair Bolsonaro afirmou que “o governo não gastará mais do que arrecada”. Finalmente, um presidente reconhece a existência de rombos e suas consequências danosas à população. Só ontem, abrindo a conta de juros, o governo federal pagou 1 bilhão e 299 milhões de reais para rolar sua dívida. Assim não dá.
Mais claro, impossível
Da leitura de discursos dos que assumiram desde a redemocratização de 1945, excetuando os do regime militar, conclui-se que nenhum presidente foi tão claro em relação a questões ideológicas como Jair Bolsonaro. Nunca se evidenciou tanto a afirmação das forças de centro-direita contra a esquerda.
O peso da conta
Eduardo Leite fez uma rápida fotografia dos déficits que se acumularam, acrescentando que “a conta chegou” e estão em torno de 100 bilhões de reais. Disse ainda: “É preciso romper com velhos modelos e desenhar um novo futuro. Não temos mais tempo, precisamos de medidas emergenciais.” Não perderá tempo. Os cortes de despesas começam a ser assinados hoje e não vão parar.
Outra tentativa
O novo governador do Estado referiu-se à necessidade de um pacto para evitar “a polarização inútil”. A mesma proposta serviu como saída para crises ao longo da História gaúcha. A mais recente foi em 2006, por iniciativa da Assembleia Legislativa. A intenção era aproximar segmentos sociais, abrir o debate e buscar soluções para a situação difícil das finanças públicas. Sem qualquer fundamentação, a oposição passou a dizer que era um projeto eleitoreiro. Faltou fôlego e convicção para a maioria reagir. Passados 12 anos, o buraco na Secretaria da Fazenda só aumentou.
Longe da arrogância
O balanço sobre a gestão administrativa e financeira do ex-governador José Ivo Sartori será feito no futuro. Agora, pode-se avaliar a condução pessoal. Ao longo de quatro anos, deu reiterados exemplos de humildade e sensibilidade. O exercício do poder costuma retirar essas qualidades. Com Sartori, deu-se o contrário.
Pesa na balança
A China comprou 18 por cento das exportações do agronegócio brasileiro em novembro de 2017. No mesmo período deste ano, o percentual dobrou. Motivo suficiente para Bolsonaro visitar o país vermelho na política e super capitalista na Economia.
Número 1 da lista
O médico Germano Bonow só não assumirá a direção do Grupo Hospitalar Conceição se não quiser. É o preferido em Brasília. Como secretário estadual da Saúde e deputado estadual mostrou sua competência por muitos anos.
Perda de tempo
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, que não se reelegeu, aproveitou os últimos 15 minutos de fama. Falou mais do que Bolsonaro e só redundâncias.
Visão argentina
Interpretação equivocada que o site do jornal Clarín, de Buenos Aires, publicou ontem: “O Brasil assistiu ao começo de um ciclo histórico que significa uma ruptura com 24 anos de governos social-democratas, que foram mais centristas ou mais esquerdistas dependendo do período.”
Dúvida
Desde abril de 2003, está na Câmara dos Deputados o projeto que impede a coincidência da escolha dos dirigentes do Banco Central com a posse de novo presidente da República. Isso daria maior liberdade para atuação técnica da entidade que controla o sistema financeiro. A tendência é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai acelerar a votação. Economistas acreditam que a mudança permitiria a queda mais rápida da taxa de juros.
Condição
Os que são contrários à diminuição do tamanho do Estado, reconhecidamente deficitários, deveriam exigir, com o mesmo ímpeto, que se torne mais apto.
Aviso
A partir de hoje, precisa ser afixado cartaz na porta externa da Secretaria da Fazenda com os dizeres aos credores: “O paciente enfrenta recuperação. Não insista.” Outra mensagem deve ser dirigida aos que deixam o prédio: “Paixão pelo possível.”
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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