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Mundo Sem doenças preexistentes, o cientista brasileiro morto pelo coronavírus em Nova York tinha uma rotina saudável

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Vencedor do Nobel com o IPCC em 2007 morreu pouco depois de viagem para Congresso no México. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tudo muito rápido”. Foi assim que familiares do engenheiro químico Sérgio Campos Trindade, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2007 junto com integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), definiram os últimos dias do cientista que morreu na quarta-feira, aos 79 anos, em decorrência de complicações associadas ao coronavírus.

Ele se formou em Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas depois fez mestrado, doutorado e PhD no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, onde morava havia cerca de 30 anos.

Segundo dois sobrinhos do pesquisador, ele era uma pessoa bastante saudável e, mesmo com quase 80 anos, não tinha doenças pré-existentes. Ele morava com mulher, Helena Trindade, em Scarsdale, no subúrbio de Nova York.

Na sexta-feira (20), o teste para o novo coronavírus da mulher de Trindade deu negativo. Segundo o administrador de empresas Fábio Mortara, que encontrou com o tio pela última vez em janeiro deste ano, Trindade estava escrevendo artigos, produzindo academicamente e mantinha uma rotina intensa de viagens.

O último evento que ele participou antes de adoecer foi o Fórum “II World Sustainable Development” entre 5 e 7 de março, em Durango, no México. Ele adoeceu depois dessa viagem.

“Ele morreu na quarta-feira. Os médicos estavam dizendo que os rins tinham parado de funcionar pouco antes. Ele foi internado na sexta ou sábado. Não tinha doenças preexistentes. Meu tio faria 80 anos em dezembro e estava se sentindo muito bem. Ele dizia “quero continuar escrevendo e publicando em journals do mundo todo”. Ele fez uma grande diferença para o Brasil e para o mundo”, desabafou Mortara, ao contar que o tio gostava de caminhar e mantinha uma rotina saudável.

Foi depois da viagem que ele começou a se sentir mal e foi internado na sexta-feira, dia 13, há cerca de uma semana, em um hospital da região onde morava a 40 minutos de Nova York, nos EUA.

Segundo outro sobrinho, o economista aposentado Guilherme Accioly, o tio era poliglota — falava inglês, italiano, francês e um pouco de mandarim. Torcedor do Vasco, ele adorava a China e já tinha visitado o país mais de 50 vezes. Ele diz que a família vai fazer uma cerimônia restrita.

“Ele vai ser cremado, a família está organizando um minuto de oração. A minha tia é muito religiosa, católica. Eles eram um casal muito bonito. Sei que ele recebeu extrema-unção e não sei se ele acreditava em algo, mas ele era respeitoso da fé dela”, contou Accioly. “A perda é irreparável. Ele estava em plena produção intelectual, de política pública e internacional. Ele era muito ativo e uma pessoa muito generosa”, disse Accioly.

Segundo a agência Fapesp, Trindade era um “grande incentivador da energia renovável”, área em que trabalhava como consultor. Era, também, membro do Comitê Científico para Problemas do Ambiente, uma agência intergovernamental associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Sua equipe recebeu em 2007 o Prêmio Nobel da Paz ao lado de outros integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Ele também foi palestrante durante a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que foi realizada em junho de 2012 no Rio.

Colegas lamentam a perda

Depois de dedicar décadas da vida pesquisando sobre energia e as alterações no clima, o pesquisador tinha preocupação com o surgimento dos negacionistas das mudanças climáticas e da própria ciência. Tanto no governo do presidente dos EUA, Donald Trump, como no do presidente Jair Bolsonaro.

“Ele manifestava muito essa preocupação, com os rumos do governo brasileiro. Ele me mandou um artigo que ele acabava de publicar, foi um dos especialistas em Amazônia, se preocupava com a preservação e uso racional da Amazônia. Tudo isso que passaram a defender mais recentemente sobre o uso racional da biodiversidade da floresta ele já falava há 20 ou 30 anos”, disse o sobrinho Fábio Mortara.

Thelma Krug, vice-presidente do IPCC, destaca que Trindade abriu portas para cientistas brasileiros em grupos de trabalho internacionais sobre mudanças climáticas.

“Foi uma figura muito relevante para o IPCC, que mal contava com a participação de pesquisadores de países em desenvolvimento”, recorda. “Trindade mostrou as dificuldades enfrentadas por cientistas no Brasil e, ao mesmo tempo, conforme seu trabalho se destacava, abriu uma porta para novos especialistas em sua área.”

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