Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2020
Uma possível vacina contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida por pesquisadores chineses se mostrou promissora em testes com macacos, desencadeando anticorpos sem provocar temores sobre sua segurança, segundo pesquisadores, e um teste com humanos com mais de mil participantes está em andamento.
A candidata a vacina, chamada BBIBP-CorV, induziu anticorpos neutralizadores de alto nível que podem impedir que o vírus infecte células em macacos, ratos, porquinhos da Índia e coelhos, disseram pesquisadores em um estudo divulgado pela publicação científica Cell.
A BBIBP-CorV, desenvolvida pelo Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, filiado à estatal China National Pharmaceutical Group (Sinopharm), é uma de cinco candidatas que a China está testando em humanos.
Mais de 100 vacinas em potencial contra a Covid-19 estão em vários estágios de desenvolvimento em todo o mundo. Entre as mais promissoras atualmente em teste com humanos estão as de AstraZeneca, Pfizer, BioNtech, Johnson & Johnson, Merck, Moderna, Sanofi e a da chinesa CanSino Biologics.
Além de parecer segura e capaz de gerar uma reação imunológica em animais, a BBIBP-CorV não pareceu desencadear anticorpos que poderiam fortalecer a infecção – um fenômeno conhecido como reforço dependente de anticorpos (ADE) –, disseram os pesquisadores, embora isto não necessariamente garanta que o ADE não acontecerá em teste com humanos.
Além da BBIBP-CorV, a Sinopharm, que já investiu o equivalente a US$ 141,40 milhões em projetos de vacinas, está testando em humanos outra candidata a vacina desenvolvida por sua unidade de Wuhan – a cidade chinesa em que o coronavírus supostamente surgiu. Ambas foram administradas a mais de duas mil pessoas em testes clínicos.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), por meio do Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus.
Segundo a instituição, os estudos estão ainda em “fase pré-clínica”, momento em que são analisados aspectos de segurança por meio de testes laboratoriais e em animais.
A vacina experimental contém “pequenas partes de proteínas do vírus Sar-Cov-2 capazes de induzir a produção de anticorpos específicos no processo de defesa do organismo.” O instituto responsável por conduzir as pesquisas afirma que essas biomoléculas foram identificadas por meio de modelo computacional e reproduzidas em laboratório (in vitro).
Na próxima fase, de acordo com a Fiocruz, serão realizadas “formulações vacinais” para avaliação. “A partir dos resultados dos estudos pré-clínicos, parte-se para a fase dos estudos clínicos de fases I, II e III (testes com seres humanos)”, explica a fundação por meio de nota.
O projeto, no entanto, só deve entrar em processo de registro a partir de 2022. Nesse momento, quando a pesquisa alcança essa etapa, os resultados dos estudos clínicos são apresentados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que vai avalizar os dados e, a partir daí, decidir se autoriza ou não a inclusão do produto no mercado.