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Por Redação O Sul | 10 de junho de 2020
O remdesivir, um dos remédios que vêm sendo testados contra o novo coronavírus e que já trouxe alguns resultados promissores, foi capaz de reduzir a carga viral e evitar danos aos pulmões de macacos infectados com o Sars-CoV-2, o agente causador da Covid-19. É o que mostra um estudo americano publicado na revista científica Nature.
A pesquisa avaliou os efeitos da droga em dois grupos de seis macacos resus infectados apenas 12 horas antes com o vírus – é nesse período que ocorre o pico de replicação do vírus nos pulmões dos animais.
A ideia era checar se um uso precoce do remédio poderia ser eficaz contra a doença. Um dos grupos recebeu a droga 12 horas após a inoculação e depois a cada 24 horas, por seis dias.
Os macacos que receberam o tratamento não mostraram sinais de doença respiratória e tiveram redução nas infiltrações pulmonares observadas em radiografias, na comparação com os que receberam um placebo.
As cargas virais no trato respiratório inferior dos animais tratados eram cerca de 100 vezes mais baixas do que no grupo controle. Após três dias, o vírus já não pôde mais ser detectado, mas ainda era detectável em quatro dos seis animais que não receberam o remédio.
Não houve impacto, porém, no chamado “derramamento viral”, o que indica que a melhora clínica pode não corresponder à falta de infecciosidade.
A equipe fez necropsias nos animais e observou que as cargas virais nos pulmões do grupo tratado com remdesivir eram mais baixas e houve uma redução no dano a esses órgãos.
Apesar de o modelo animal contaminado com o Sars-CoV-2 desenvolver uma doença de leve a moderada, sem a gravidade observada em pacientes com a Covid-19, os pesquisadores indicam que os resultados apoiam o início precoce do tratamento com remdesivir, um antiviral, em pacientes com Covid como forma de prevenir progressão para pneumonia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autorização da venda
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) anunciou ter recebido um pedido de autorização para comercialização condicional na União Europeia (UE) do remdesivir, um antiviral que tem sido usado no tratamento da Covid-19.
“Atualmente, a EMA recebeu um pedido de autorização de comercialização condicional (CMA) para remdesivir, um medicamento antiviral para o tratamento da Covid-19, e iniciou oficialmente sua avaliação”, afirmou em comunicado.
A avaliação das vantagens e riscos do remdesivir será realizada por um curto período de tempo e poderá ser emitido um parecer “em poucas semanas”, dependendo da força dos dados obtidos e da necessidade de informações adicionais para apoiar essa avaliação, afirmou.
Nos Estados Unidos, a Agência de Medicamentos (FDA) autorizou o uso emergencial de remdesivir em hospitais em 1º de maio, seguido posteriormente pelo Japão, enquanto a Europa está considerando tomar uma decisão semelhante.
Originalmente desenvolvido sem sucesso para tratar a febre hemorrágica do Ebola, o remdesivir, fabricado pelo laboratório americano Gilead, é a primeira terapia a demonstrar alguma eficácia em pacientes hospitalizados com Covid-19 em um ensaio clínico significativo (em escala), embora o efeito até agora alcançado seja considerado modesto.
A EMA também anunciou recentemente o lançamento de uma pesquisa independente para se preparar para o monitoramento de possíveis vacinas contra o coronavírus, antes e depois de sua comercialização no mercado europeu.
Para autorizar qualquer vacina contra a Covid-19, a EMA deve ter fortes evidências baseadas em ensaios clínicos de segurança, eficácia e qualidade dessa vacina, informou a agência.
Em meados de maio, a EMA estimou que uma vacina contra o coronavírus poderia estar disponível dentro de um ano, dentro do quadro de um cenário “otimista”.