Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de julho de 2020
Estados e municípios discutem formas seguras de retomar as aulas presenciais
Foto: Agência BrasilRedes de ensino de todo o Brasil apostam em habilidades socioemocionais para ajudar gestores, professores, estudantes e familiares a lidar com o retorno das aulas presenciais – quando isso ocorrer.
São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança, tolerância à frustração, entre outras, que podem, de acordo com os especialistas, melhorar o aprendizado dos alunos e ser ferramentas importantes para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
“Estamos bastante preocupados com esses estudantes que vão voltar. Vai ter estudante que perdeu familiares, que têm familiares na UTI, a gente tem que estar preparado para isso. Estamos também preocupados com a questão cognitiva. Nem todos os estudantes tiveram as mesmas condições ou estão tendo as mesmas condições para estudar”, diz a presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Cecilia Motta.
O Consed firmou uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, que a partir do dia 16 deste mês oferecerá uma formação aos educadores, gestores e às famílias interessadas sobre as chamadas competências socioemocionais. Os técnicos e equipes de formação das redes de ensino participarão de reuniões fechadas e, a cada 15 dias, serão feitas lives abertas.
“Estamos vivendo algo sem precedentes na história da humanidade. De uma hora para a outra, tivemos nossas vidas transformadas”, disse o vice-presidente de Desenvolvimento Global e Comunicação do Instituto Ayrton Senna, Emilio Munaro. “Nos deparamos com a situação de escolas fechadas, entre outras. As pessoas perderam o senso do que vai acontecer e se viram diante da imprevisibilidade, o que torna as pessoas ansiosas. Para controlar isso, eu preciso desenvolver minhas habilidades”, acrescentou.
Segundo Munaro, habilidades socioemocionais podem ser aprendidas. Essas competências estão previstas, inclusive, na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que estabelece o que deve ser ensinado em todas as escolas do País. De acordo com a BNCC, os estudantes devem ser capazes de “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.
“A ciência mostrou que na hora que se desenvolve competências socioemocionais, se potencializa as competências cognitivas. Se uma criança desenvolve resiliência e combina com abertura ao novo, tem desempenho melhor, por exemplo, em língua portuguesa. Ao invés de ensinar uma única fórmula matemática, eu ensino o aluno a sentar e resolver problemas. Com isso, eu associo a técnica de resolver problemas a qualquer disciplina: física, química, biologia. Desde que aprenda a estrutura mental de resolver problemas, consigo fazer isso em qualquer disciplina”, disse Munaro.
Retomada das aulas
Estados e municípios discutem formas seguras de retomar as aulas presenciais. O retorno dessas atividades ainda não tem data prevista na maioria das unidades da Federação. Tanto o Consed quanto a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) divulgaram documentos para orientar as redes de ensino a estipular regras para a retomada.
“Nós estamos com muita cautela porque todas as datas que a gente previu que voltaria não deram certo. Estamos discutindo não é quando voltaremos, mas o que faremos quando voltarmos, que tipo de cuidados teremos que ter. Como a gente vai fazer isso é motivo de debate o tempo todo”, disse a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação.
Rio Grande do Sul
O governo do RS recebeu até este domingo (12) as respostas das 1.520 entidades que participaram da consulta pública sobre a retomada das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas do Estado.
As entidades, ligadas às áreas da educação, saúde e assistência social, opinaram, por meio de um formulário on-line, sobre qual grupo de alunos deve retornar primeiro às salas de aula e quais os protocolos de prevenção precisam ser adotados.
Um plano apresentado pelo governo gaúcho em maio previa a retomada das aulas presenciais em julho, mas ainda não há data definida para o retorno dos alunos às salas de aula. “Certamente, isso será feito por etapas”, ressaltou o governador Eduardo Leite.