Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2020
A Alemanha registrou nesta quinta-feira (6) o maior número de novos casos diários de coronavírus (Sars-CoV-2) em três meses, com 1.045 contágios em 24 horas.
Preocupa especialistas e o governo alemão, sobretudo, que as novas infecções não sejam fruto de um surto específico – como o ocorrido num matadouro no oeste do país, em meados de junho. Mas que os casos estejam espalhados por várias regiões da Alemanha, tornando difícil conter o vírus com confinamentos pontuais.
“Temos que nos manter atentos, respeitar as regras”, afirmou o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, nesta quinta-feira. “A pandemia ainda está longe de acabar”.
O ministro demonstrou especial preocupação com as famílias que estão retornando de viagem – grande parte da Alemanha se encontra no momento em férias de verão. Isso, afirmou, pode elevar ainda mais o número de casos. Festas familiares e desrespeito ao distanciamento no ambiente de trabalho também foram apontados pelo ministro como fatores perigosos para o renascimento da epidemia na Alemanha.
O auge da pandemia na Alemanha foi no início de abril, quando o país estava registrando média de 6 mil novos casos por dia. A taxa de contágio, que vinha caindo continuamente desde então, voltou a subir em julho.
A partir do próximo sábado (8), como anunciou nesta quinta-feira Spahn, testes serão obrigatório para viajantes que tenham estado nas regiões classificadas como de risco pelo governo. A lista é atualizada continuamente pelo Instituto Robert Koch. Além de países onde a pandemia está em alta, como Brasil e EUA, ela tem atualmente, por exemplo, regiões da Espanha e do leste europeu.
A chefe da mais importante associação de médicos da Alemanha disse no início desta semana que o país já está lutando com uma segunda onda do coronavírus e corre o risco de desperdiçar seu sucesso inicial devido à não observância às regras de distanciamento social.
“Já estamos em uma segunda onda plana”, disse a presidente da associação de médicos, Susanne Johna, em entrevista ao jornal alemão Augsburger Allgemeine publicada na terça-feira (4). “Existe o risco de que os sucessos que alcançamos até agora na Alemanha sejam desperdiçados com uma combinação de negação e desejo de retorno à normalidade.”
Após um protesto em Berlim ter reunido milhares de pessoas contrárias às medidas de contenção impostas devido à pandemia, Johna comparou o uso compulsório de máscara com a obrigação do cinto de segurança em veículos, contra a qual também houve resistência popular quando foi introduzida.
As autoridades, incluindo o ministro Spahn, advertiram que será muito mais difícil controlar a propagação do vírus a partir do outono, o que torna ainda mais importante manter os números baixos enquanto o verão europeu se aproxima do fim. Na próxima semana, as escolas do país começarão a reabrir.
No sábado passado (1º), o governo começou a oferecer testes gratuitos para viajantes que retornam ao país.
Viajantes chegados de países considerados de alto risco – atualmente a maior parte do mundo além da Europa, assim como Luxemburgo e partes do norte da Espanha – são obrigadas a ficar em quarentena por 14 dias, a menos que possam apresentar um resultado de teste negativo de no máximo dois dias.
Mas Spahn disse que, a partir de sábado, as pessoas que chegam das áreas de risco serão obrigadas a fazer um teste, a menos que tragam um novo resultado de um exame recém-feito na Europa.
“Estou muito consciente de que isso afeta as liberdades individuais, mas acredito que esta é uma intervenção justificável”, disse Spahn.
O ministro descartou argumentos de alguns políticos de que as pessoas que podem arcar com os custos das férias também deveriam ter que pagar por seus próprios testes.
A resposta da Alemanha à pandemia tem sido amplamente considerada como bem-sucedida. O Instituto Robert Koch registrou 9.175 mortes em cerca de 213 mil casos confirmados – uma taxa de mortalidade bem mais baixa do que em países vizinhos.
França
As contaminações pelo novo coronavírus aumentaram na França nas últimas 24 horas, mas o número de pacientes internados na UTI continua diminuindo. Os dados foram divulgados na quarta-feira (5) em um comunicado pela Direção Geral da Saúde do país, o órgão responsável pelo recenseamento da epidemia.
Entre terça (4) e quarta-feira, 1.695 casos de Covid-19 foram confirmados no país, contra 1.000 no final de julho. De acordo com as autoridades sanitárias francesas, 19 novos focos de propagação foram identificados no país – 294 ainda estão ativos.
A próxima atualização dos dados acontecerá no dia 11 de agosto.