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Brasil A atividade industrial do Brasil avançou quase 9% em junho, segundo mês seguido de alta

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Resultado vem após tombo histórico de abril, mas ainda está 13,5% abaixo do patamar de fevereiro. (Foto: Arquivo/Governo de Sergipe)

A atividade industrial do Brasil segue esboçando uma lenta recuperação após o tombo severo causado pela pandemia de Covid-19. Dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE mostram que o setor avançou 8,9% em junho, na comparação com maio. Foi o segundo mês consecutivo de alta na comparação mensal, após as quedas históricas registradas em março e abril, mas ainda longe de recuperar as perdas acumuladas na crise.

O crescimento registrado em junho se dá em cima de uma base de comparação depreciada. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a indústria registrou queda de 9%, oitavo resultado negativo seguido nesse tipo de comparação.

“São expansões que ocorrem sobre uma base (de comparação) depreciada. Mesmo com dois avanços seguidos na casa de 8%, o patamar que a indústria opera neste momento é o terceiro mais baixo da série histórica”, explica André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Economistas afirmam que o resultado fechado do segundo trimestre consolida a tendência de queda do PIB de dois dígitos no período, a ser divulgado em setembro pelo IBGE. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, a indústria amargou uma contração de 17,5% no três meses encerrados em junho.

No entanto, os números apontam para uma possível melhora no terceiro trimestre, caso as flexibilizações das medidas de isolamento sigam ocorrendo e não haja um novo ciclo de fechamento de indústria por conta da pandemia.

Em junho, o setor industrial foi beneficiado pelas medidas de flexibilização e protocolos de segurança, criados em diversos estados. Houve crescimento em 24 dos 26 setores, com a reativação das plantas industriais paralisadas, na comparação mensal.

O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 70% no mês, influenciado principalmente pela produção de caminhões e carros. No entanto, ainda está 53% abaixo da produção registrada em fevereiro, no pré-pandemia. O mesmo cenário se reflete em outros ramos industriais.

Para Renata de Mello Franco, economista da FGV/Ibre, os números ainda não indicam a recuperação da produção, mas uma retomada de fábricas que estavam paradas nos últimos meses.

“Os setores que mais contribuíram para a produção industrial foram aqueles que perderam mais. O número é positivo, mas indica mais uma “despiora” do setor do que um avanço da produção industrial”,  avalia.

O setor ainda encontra-se 13,5% abaixo do patamar de fevereiro, período anterior às medidas de restrição e isolamento.

Em todos os segmentos que compõem a indústria, o aumento registrado em maio e junho foi insuficiente para compensar as grandes perdas de março e abril. No acumulado no ano, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial retraiu 10,9% entre janeiro e junho.

Para os próximos meses, economistas afirmam as taxas de crescimento na comparação mensal devem ser menores e cada vez mais dependentes do aumento da demanda interna.

Em maio e junho, parte do crescimento na comparação mensal ocorreu por um efeito de reabertura das empresas, após serem fechadas no ápice da crise. Com a estabilização no processo de reabertura, qualquer aumento dependerá de um aquecimento da economia.

Por isso, a alta no desemprego, junto com a queda na renda disponível da economia, devem, ao longo do tempo, minar novos avanços da mesma magnitude. Hoje o País tem 19,1 milhões de brasileiros que não estão procurando trabalho por conta da pandemia ou por falta de vagas onde mora.

“Se não tiver uma recomposição da renda das famílias, vamos ter um freio na recuperação da indústria nos próximos meses”, alerta Renata.

Além disso, a indústria brasileira já vinha apresentando fragilidade antes da pandemia do novo coronavírus. Em 2019, sequer havia recuperado as perdas da crise no biênio 2015 e 2016, e retraiu 1,1%, segundo o IBGE.

Agrava o quadro o fato de que a indústria pouco poderá contar com o setor externo para ganhar tração nos próximos meses.

“A recuperação da crise 2015 e 2016 já se mostrava bastante fragilizada, insuficiente e frágil”, ressalta Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial . “A variação positiva é menos importante do que o perfil que vamos ter nos próximos meses.”

Na avaliação de Cagnin, uma recuperação mais sustentada depende de dois fatores: controle da curva epidemiológica e de um processo transitório das medidas emergenciais anunciadas pelo governo, como auxílio emergencial e programas de crédito.

“Se mantiver um relativo controle da pandemia podemos acelerar esse processo. Não será bem uma (recuperação) em “V” (desenho do gráfico quando há grande queda e uma volta para perto do estágio em que estava numa velocidade alta). A curva está mais achatada do que foi a queda”, ressalta.

Para Daniel Xavier Francisco, economista do Banco ABC Brasil, é preciso reduzir a incerteza para uma recuperação mais consistente, cada vez mais dependente do cenário doméstico. A expectativa do mercado, segundo o Boletim Focus, é que o setor registre uma queda 7,9%.

“É um risco enquanto a doença não for reduzida. Isso (novo ciclo de fechamento) pode minar a recuperação.”

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