Sábado, 19 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2021
O órgão regulador chinês de meios de comunicação proibiu na quinta (11) a difusão no país do Serviço Mundial da BBC, acusando-o de violar diretrizes oficiais em uma reportagem sobre a minoria uigur, dias depois de Londres retirar a licença da rede chinesa CGTN.
A Administração Nacional de Rádio e Televisão chinesa “não permite que a BBC continue transmitindo na China e não aceita a renovação de sua permissão anual”, informou em um comunicado o organismo regulador do governo.
Na avaliação da entidade, o serviço noticioso da emissora britânica descumpriu “a exigência de que o jornalismo seja verdadeiro e justo” e “não prejudique os interesses nacionais da China”.
Essa “grave violação” das diretrizes oficiais teria ocorrido durante um programa emitido em 3 de fevereiro com testemunhos de tortura e violência sexual contra uigures, de fé majoritariamente muçulmana, em campos de detenção chineses.
A BBC expressou sua decepção contra a medida aplicada na China continental, onde o canal já é censurado e limitado a hotéis internacionais. “A BBC é a emissora mundial mais confiável e informa em todo o mundo de forma justa, imparcial e sem medo nem favoritismos”, disse em comunicado uma porta-voz da empresa britânica.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, qualificou a proibição de “atentado inaceitável contra a liberdade de imprensa” e assegurou que “só prejudicará a reputação da China aos olhos do mundo”.
Os Estados Unidos também denunciaram a medida. “Condenamos totalmente a decisão”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, fazendo um apelo à China e a “outras nações com um controle autoritário sobre a população a que permitam o pleno acesso à internet e à liberdade da mídia”.
A medida ocorre em meio à tensão entre os dois países desde que Pequim impôs uma lei de segurança nacional em Hong Kong, ex-colônia britânica, e Londres proibiu a chinesa Huawei de participar de sua rede 5G.
Resposta ao Reino Unido?
A decisão de Pequim surge uma semana após o Reino Unido retirar a licença de transmissão da emissora estatal chinesa CGTN, alinhada ao Partido Comunista Chinês. Uma investigação mostrou que a empresa detentora dos direitos de transmissão para a CGTN não possuía a responsabilidade editorial do canal e, por isso, não cumpria exigências legais para a licença.
A medida foi anunciada num contexto de tensões entre Londres e Pequim, que foi impulsionado pela imposição de uma lei de segurança nacional em Hong Kong, que limitou ainda mais as liberdades do território.
Londres também criticou as políticas repressivas de Pequim contra os uigures e anunciou no início de janeiro medidas para barrar a entrada no país de mercadorias que possam ter sido produzidas com o trabalho forçado desta minoria muçulmana da região do Xinjiang.