Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2023
A ida do economista desenvolvimentista Marcio Pochmann para o comando do IBGE é mais do que um caso pontual. Integra, na verdade, um pacote da ala mais à esquerda do PT que tenta convencer o presidente Lula a dar mais espaço ao partido em postos econômicos.
Gente de peso e influente junto ao governo quer indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para ser diretor-presidente da Vale – o que precisaria ser negociado no conselho de administração da empresa – e, ainda, promover mudanças, o quanto antes, na diretoria da Petrobras.
Esse grupo petista tem diferenças com o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em alta com Lula, e sua principal expoente é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
O governo Lula se divide nas avaliações sobre o anúncio de Pochmann. A forma como o economista heterodoxo foi confirmado no cargo, por meio de uma declaração a jornalistas do ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, foi vista como “atabalhoada” e “imprópria” por parte do Planalto.
Para uma ala do governo, Pimenta errou ao não deixar o anúncio para Tebet, que teria ficado “vendida” na história. Ainda por cima, acabou por tirar dos holofotes a notícia positiva do dia para o governo: a elevação da nota de crédito do Brasil por parte da agência de classificação de risco Fitch.
Seja como for, Pimenta telefonou para Tebet para pacificar a relação. “Liguei para desfazer qualquer ruído. Tivemos boa conversa para reafirmar a parceria, admiração e respeito”, disse o ministro, dizendo ser amigo de Tebet.
Águas passadas
O MDB de Tebet não vai polemizar sobre o episódio e prefere tratá-lo como águas passadas. A decisão é pragmática. Além do Planejamento, o partido ocupa outros dois ministérios estratégicos (Cidades e Transportes) e sabe que não haveria vantagem em Tebet deixar o governo agora. Ela não tem cargo eletivo e seu reduto eleitoral, Mato Grosso do Sul, hoje é majoritariamente bolsonarista.
A legenda nem sequer teme que os posicionamentos econômicos de Pochmann causem futuros desgastes à ministra. Afinal, não foi ela quem o escolheu.
Currículo
Pochmann é professor na Unicamp, escola de linha econômica majoritariamente heterodoxa – que defende o aumento dos gastos públicos e a maior presença do Estado na economia. Também foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre o fim do segundo mandato de Lula e o começo do primeiro de Dilma Rousseff. Atualmente, preside o Instituto Lula.