Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A COP30, que começa em Belém no dia 10 de novembro, não é uma celebração. É um chamado urgente à ação. O Brasil, anfitrião do evento, e o mundo inteiro foram convocados para um mutirão global em prol da sobrevivência do planeta. A Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas chega à sua 30ª edição com uma missão clara: implementar os acordos já firmados. A palavra agora é ação.
A COP30 será organizada em zonas distintas, sendo a mais estratégica a Blue Zone, área de acesso restrito e controlado pela ONU. É lá que cientistas, diplomatas, líderes mundiais, observadores internacionais e imprensa credenciada debaterão os rumos da política climática global. Mais de 190 países estarão presentes, mas a ausência dos Estados Unidos é um sinal preocupante. A economia mais poluente do mundo parece ignorar os interesses coletivos de preservação, insistindo em estruturas arcaicas baseadas em petróleo, consumo desenfreado e guerras comerciais. Um império em decadência que resiste à mudança.
Em meio a tensões geopolíticas, os países membros da ONU precisam encontrar uma agenda comum de implementação. Os acordos climáticos já existem — agora é hora de agir. O Brasil, como sede, inaugura uma nova era de diplomacia climática, que consiste na articulação internacional para enfrentar os desafios ambientais por meio do diálogo e da cooperação. Esse movimento se insere no multilateralismo, onde decisões são tomadas coletivamente, o que assusta nações acostumadas a impor suas vontades unilateralmente, como os EUA.
Outro ponto central da COP30 são as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), metas que cada país se compromete a cumprir para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Elas são fundamentais para medir o progresso rumo aos objetivos do Acordo de Paris firmado em 2015. O balanço global — ou Global Stocktake — será realizado para avaliar se o mundo está no caminho certo. É um momento de prestação de contas e de ajuste de rotas.
Enquanto debates e negociações ocorrem na ala restrita, a participação da sociedade será ativa e pulsante. Ao contrário das edições anteriores, realizadas em países autoritários e ligados ao petróleo, Belém abre espaço para a população na Green Zone, com acesso livre a debates, exposições e atividades culturais. Essa abertura é simbólica: a luta climática não é exclusiva dos governos, é de todos.
A base científica da COP30 é sólida. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) reúne milhares de cientistas que produzem relatórios rigorosos sobre o estado do clima do planeta. Qualquer contestação a essas evidências é desinformação patrocinada por interesses econômicos que temem o surgimento de uma nova economia: a economia verde. Essa nova lógica prioriza o uso sustentável dos recursos naturais, a redução das emissões e a inclusão social. Está diretamente ligada às ações globais previstas nos acordos climáticos e à implementação que a COP30 busca acelerar.
O Brasil tem tudo para ser protagonista dessa transformação. O agronegócio, hoje o pilar da economia nacional, já começa a se adaptar para produzir alimentos de forma mais sustentável. Práticas agroflorestais e extrativistas ganham o seu espaço, garantindo renda e dignidade aos povos da floresta, que são os autênticos guardiões da Amazônia. A harmonia entre produção e preservação é possível — a natureza nos ensina isso todos os dias.
A revolução tecnológica que vivemos pode ser aliada dessa mudança. Se usada com sabedoria, ela pode aproximar o ser humano da natureza, e não afastá-lo. Sustentabilidade é olhar para o amanhã e agir hoje. É pensar nas gerações que ainda virão e garantir que elas tenham um planeta para chamar de lar.
Escrevo este artigo embarcando para Belém. Quem quiser poderá acompanhar pelo Jornal O Sul. Estou com o coração cheio de esperança. Fazer parte dessa corrente global em prol de um futuro melhor é uma honra. Que a COP30 seja o marco de uma nova era — mais justa, mais verde e mais humana.
Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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