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Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2019
A dívida pública federal do Brasil cresceu 2,03% em agosto sobre julho, ultrapassando a barreira dos R$ 4 trilhões pela primeira vez, mas ainda fora do piso estabelecido pelo governo como meta para o ano.
Segundo o Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira (26), a dívida chegou a R$ 4,074 trilhões no último mês. Para 2019, a meta no PAF (Plano Anual de Financiamento) é de um estoque da dívida entre R$ 4,1 trilhões a R$ 4,3 trilhões.
Entre agosto e julho, a dívida pública mobiliária interna teve alta de 1,74%, a R$ 3,913 trilhões, em função da emissão líquida de R$ 39,94 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 27,02 bilhões. Já a dívida externa saltou 9,55%, encerrando o mês em R$ 160,87 bilhões.
Em agosto, o dólar teve valorização de 8,51%, num período marcado por grande volatilidade nos mercados domésticos de câmbio, tendo de pano de fundo as disputas comercias entre Estados Unidos e China, as incertezas político-econômicas na Argentina, além das novas atuações do Banco Central no mercado com leilões de swap reverso e venda de dólar à vista.
Composição
Em agosto, os títulos remunerados por taxa flutuante continuaram com maior peso na dívida, a 38,35% do total, sobre 38,37% em julho. Para o ano, a meta é de 38% a 42%. Já os títulos prefixados avançaram a 31,44% da dívida, ante 31,05% no mês anterior, e uma meta de 29% a 33% para 2019.
Os papéis indexados à inflação, por sua vez, diminuíram sua representatividade a 26,06% da dívida total, ante 26,73% em julho, sendo que a referência para este ano é de 24% a 28%. Os títulos atrelados ao câmbio subiram a 4,15% da dívida, contra 3,85% em julho, mas ainda dentro da banda de 3% a 7% para 2019. No relatório mensal da dívida, o Tesouro também informou que a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna caiu a 12,14% em agosto, sobre 12,31% em julho.
Risco do País
O risco Brasil, medido pelo CDS (Credit Default Swap), um título que protege contra calotes na dívida soberana, vem registrando nova rodada de queda e está em 116 pontos. É o menor nível em seis anos, desde maio de 2013.
Mas outros ativos brasileiros, principalmente o dólar e a Bolsa, não estão acompanhando o movimento de melhora de percepção dos investidores sobre o País. Economistas e gestores avaliam que este “descolamento” mostra que os investidores estão antecipando um cenário doméstico melhor pela frente, mas, no momento, ainda seguem cautelosos e não vão aportar recursos em ativos locais sem maior crescimento econômico e avanço de outras reformas, inclusive o término da Previdência.
Historicamente, o CDS, o dólar e o Ibovespa têm correlação próxima – sendo que câmbio e risco costumam caminhar na mesma direção –, mas desde o segundo semestre do ano passado os comportamentos passaram a divergir.
Um ex-diretor do Banco Central calcula que, com o CDS na casa dos 120 pontos, como agora, era para o dólar estar em R$ 3,60 ou abaixo. Mas a moeda está em R$ 4,10 e a visão dos especialistas é a de que não deve cair para abaixo de R$ 4 tão cedo. Para o mercado de ações, a avaliação é que, com o CDS neste nível, o Ibovespa deveria, pelo menos, estar acima da pontuação atual – que tem ficado entre 103 mil e 104 mil pontos nos últimos sete pregões.