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Por Redação O Sul | 21 de janeiro de 2020
No fim de semana, o Barcelona promoveu a estreia do seu novo treinador, Quique Setién, na vitória sobre o Granada. Ele substitui Ernesto Valverde, demitido depois da queda na Supercopa da Espanha. O enredo da troca de técnicos, conhecido no futebol brasileiro, repete-se também na Europa.
Por lá, uma sequência de maus resultados ou uma desclassificação agora significam o bilhete azul. Já foram 30 demissões na temporada, somando-se apenas as principais ligas (Itália, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra).
A saída de Valverde é o episódio mais recente entre os grandes europeus. Além do Barcelona, Bayern de Munique e Milan já mudaram de técnico neste início de ano. Entre os times médios, a lista inclui Arsenal, Valencia, Napoli, Everton, Lyon, Monaco e Tottenham.
A Itália já soma nove demissões, seguida da Espanha e Inglaterra (seis), França (cinco) e Alemanha (quatro). Essa tendência já foi notada em 2018, quando 23 técnicos tinham sido demitidos na Europa no mesmo período.
No caso do Barcelona, o treinador nunca foi unanimidade em quase três anos à frente do gigante espanhol. Mas foi a primeira vez que o clube catalão trocou o comando no meio da temporada desde 2002/2003, quando o holandês Louis Van Gaal foi sacado do cargo. A decisão de demitir Valverde veio após a derrota para o Atlético de Madrid na semifinal da Supercopa da Espanha. Por outro lado, o Barcelona é o líder do Campeonato Espanhol ao lado Real Madrid, com 43 pontos e encara o Napoli pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.
A exemplo do que acontece no Brasil, as quedas de desempenho ou eliminações precoces têm justificado as trocas de treinador. No ano passado, foram 22 demissões de treinadores apenas na Série A do Campeonato Brasileiro. A pressão da torcida, agora multiplicada pelo alcance das redes sociais, e as críticas da mídia especializada são fatores que alcançaram peso dois na balança da diretoria na hora de planejar o futuro.
“É possível perceber que os clubes estão um pouco imediatistas. A concorrência é tão grande e a pressão por vitórias tão poderosa que os clubes acreditam que não podem esperar um treinador reverter um momento ruim”, diz o jornalista espanhol Jose Hurtado, do Marca, da Espanha.
Outros episódios ilustram esse diagnóstico. Mauricio Pochettino foi mandado embora do Tottenham apenas seis meses depois de ele ter levado o clube à final da Liga dos Campões. O Tottenham ocupava a 14ª colocação no Campeonato Inglês, com apenas 14 pontos em 12 jogos. Apesar do momento ruim, o argentino viveu cinco anos de boa fase em Londres.
“Estávamos extremamente relutantes em fazer essa mudança. Não é uma decisão leviana ou apressada do Conselho do clube. Lamentavelmente, os resultados no final da última temporada e início desta são extremamente decepcionantes”, comunicou a direção da equipe no final do ano passado.
O jornalista português David Carvalho, da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), acompanhou a chegada de José Mourinho ao Tottenham como substituto de Pochettino.
O Bayern demitiu de Niko Kovac quando era quarto colocado na Bundesliga. O técnico croata foi demitido um dia depois da goleada sofrida para o Eintracht Frankfurt, por 5 a 1, a pior do clube em uma década no Campeonato Alemão. “O desempenho de nossa equipe nas últimas semanas e os resultados nos mostraram que havia necessidade de ação”, justificou o CEO Karl-Heinz Rummenigge ao término do ano passada.
Técnicos brasileiros também estão na lista de demitidos. Sylvinho começou a temporada no Lyon e não teve sucesso na equipe francesa: disputou apenas 11 jogos e perdeu mais do que ganhou (4 derrotas, 4 empates e 3 vitórias), fazendo a pior campanha do clube em 24 anos. Foi demitido no início de outubro.
Demissões na Itália
Eusebio Di Francesco (Sampdoria); Thiago Motta (Gênova); Giampaolo (Milão); Andreazzoli (Gênova); Igor Tudor (Udinese); Eugenio Corini (Brescia); Fabio Grosso (Brescia); Carlo Ancelotti (Nápoles) e Vicenzo Montella (Fiorentina).
Demissões na Inglaterra
Mauricio Pochettino (Tottenham); Unai Emery (Arsenal); Quique Sánchez Flores (Watford); Marco Silva (Everton); Javi Garcia (Watford) e Manuel Pellegrini (West Ham).
Demissões na Espanha
Marcelino (Valência); David Gallego (Espanyol); Pablo Machín Espanyol); Mauricio Pellegrino (Leganés); Fran Escribá (Celta) e Ernesto Valverde (Barcelona).
Demissões na França
Ghislain Printant (Saint-Ettiene); Sylvinho (Olympique de Lyon); Alain Casanova (Toulouse); Leonardo Jardim (Monaco) e Antoine Kombouaré (Toulouse).
Demissões na Alemanha
Niko Kovac (Bayern de Munique); Achim Beierlorzer (Colônia); Sandro Schwarz (Mainz 05) e Ante Covic (Hoffenheim).