Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2020
A indústria farmacêutica Eli Lilly anunciou na segunda-feira (1º) a primeira fase de testes em humanos de um novo tratamento contra a Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. A aposta da empresa é no tratamento à base de anticorpos, retirados do plasma de um paciente já curado. A partir daí, foram desenvolvidos anticorpos em laboratório, que são aplicados diretamente no paciente, de forma intravenosa. A previsão é que os resultados dos testes sejam divulgados ainda neste mês.
A pesquisa deverá avaliar a segurança e a tolerância de pacientes já hospitalizados e está sendo aplicada em centros de saúde dos Estados Unidos.
Tratamentos com anticorpos são diferentes de vacinas. No caso da vacina, ela estimula o sistema imune a produzir sua própria defesa. No tratamento com anticorpos, a “defesa” do organismo é injetada diretamente no sangue do paciente. A ideia é reduzir ou impedir a replicação do vírus no organismo, acelerando a recuperação. Tratamentos semelhantes já se mostraram eficientes contra outras doenças virais, como H1N1. A busca agora é pela comprovação da eficácia contra o Sars-CoV-2, nome científico do novo coronavírus.
“Ainda este mês, revisaremos os resultados deste primeiro estudo em humanos e pretendemos iniciar testes de eficácia mais amplos. Ao mesmo tempo em que estamos investigando a segurança e a eficácia, também estamos nos preparando para a fabricação em larga escala dessa terapia em potencial”, afirma Daniel Skovronsky, diretor científico da Lilly e presidente da Lilly Research Laboratories, em nota da empresa.
Caso o tratamento se mostra eficaz, a empresa poderá evoluir para a próxima fase de testes, que envolve pessoas que não estão hospitalizadas. A Eli Lilly afirma que também planeja estudar o produto como forma de prevenção em populações vulneráveis “que, historicamente, não têm um perfil ideal para receber vacinas”, segundo a empresa.
A terapia à base de anticorpos da Eli Llly é conhecida como “LY-CoV555”. Ela foi desenvolvida em três meses a partir de amostras de sangue de um dos primeiros pacientes recuperados da doença nos Estados Unidos.
A partir daí, foi separado o plasma do paciente, que é a parte líquida do sangue que contém a defesa imunológica, e desenvolvido anticorpos em laboratório. Eles bloqueiam a ligação do vírus às células humanas. A administração do LY-CoV555 no estudo é feita via intravenosa.
“Terapias de anticorpos como o LY-CoV555 podem ter potencial para prevenção e tratamento da Covid-19, e podem ser particularmente importantes para grupos mais atingidos pela doença, como idosos e aqueles com sistemas imunológicos comprometidos”, afirma Skovronsky.
A análise da amostra foi concluída sete dias após o indivíduo estar comprovadamente curado, segundo a empresa. A Lilly afirma que foram avaliados mais de cinco milhões de células imunes para detectar as que produziam anticorpos e, consequentemente, ajudariam a neutralizar o vírus.