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Economia A inflação de 2020 no Brasil deve ficar abaixo da meta

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No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o volume de exportações recuou em relação ao mesmo período de 2020 em 1%, chegando a 1,283 milhão de toneladas.(Foto: Divulgação)

A escalada das cotações de carnes observada no fim de 2019 como reflexo da redução da oferta na China ainda terá efeito na inflação doméstica de 2020, mas seu impacto tende a perder força, avaliam economistas. Com o desemprego ainda elevado e a ausência de pressões de tarifas administradas, as estimativas para a inflação oficial de 2020 estão em sua maioria abaixo de 4%. Assim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve subir menos que a meta pelo quarto ano seguido, mostrando um quadro confortável para os preços. As informações são do jornal Valor Econômico.

O alvo perseguido pelo Banco Central (BC) cairá de 4,25% em 2019 para 4% no ano que vem. Mesmo considerando que o choque de proteínas não deve contaminar os preços de outros itens, o problema de oferta deixou analistas mais cautelosos em suas perspectivas para a taxa básica de juros. O BC precisará monitorar se haverá efeito secundário sobre outros preços, o que enfraquece a possibilidade de a Selic continuar em queda, apontam eles.

Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil, elevou em 0,8 ponto sua projeção para a alta do IPCA em 2019, para 3,9%, em razão do aumento das carnes. Para o ano seguinte, no entanto, a estimativa foi mantida em 3,8%. O cenário mais provável é que essa pressão se dissipe no ano de 2020 e não contamine outros preços de forma secundária, avaliou Porto, mas essa hipótese ficará no radar do BC.

Por isso, o Citi passou a estimar que a taxa Selic ficará estacionada em 4,5% ao ano ao longo de 2020. A previsão anterior era que o ciclo de corte de juros iria continuar até a taxa chegar em 4% ao ano. Mesmo assim, a dinâmica inflacionária não é fonte de preocupação para o próximo ano, avalia. “O desemprego na casa de 12% ainda é um nível muito elevado. Antes da recessão, ele orbitava na casa de 7%. Então não tem pressão inflacionária vinda do canal dos salários”, afirma ele.

Para Fabio Romão, da LCA Consultores, o avanço mais significativo dos preços de alimentos no último bimestre antecipou parte do impacto previsto para 2020, deixando o cenário para o próximo ano mais tranquilo. Após a divulgação do IPCA-15 de dezembro – que superou as expectativas do mercado, ao avançar 1,05%, com forte alta de carnes – Romão elevou ligeiramente a projeção para a aumento do IPCA deste ano, de 4,10% para 4,15%. Já a estimativa para 2020 foi mantida em 3,5%.

Nas projeções da consultoria, a parte de alimentação e bebidas vai perder fôlego entre um ano e outro, de 5,5% para 3,7%. O IPCA mais elevado no ano anterior poderia gerar mais inércia inflacionária – fenômeno pelo qual a inflação passada alimenta a inflação corrente – para 2020, mas essa não é a expectativa da LCA. Mesmo com aceleração do crescimento entre um ano e outro, o nível de capacidade ociosa deve continuar “enorme”, o que, ao lado do desemprego alto, limita reajustes de preços, diz Romão. “Isso não dura para sempre, mas para 2020 temos esses ‘colchões’”.

Roberto Secemski, economista-chefe para o Brasil do Barclays, manteve a projeção para aumento do IPCA no próximo ano em 3,7%, mas pondera que há incertezas relevantes. Em primeiro lugar, diz, o choque de proteínas teve efeito mais rápido que o previsto sobre os preços por aqui, mas ainda não se sabe quando esse impacto vai terminar. A preocupação é que os preços permaneçam em patamar elevado por mais tempo, uma vez que o estoque de carne na China foi severamente afetado, afirma.

Do lado da atividade, está em curso uma recuperação cíclica, que deve acelerar também os núcleos de inflação, diz Secemski. Como possível vetor de alívio para os preços, o economista menciona os novos pesos dos itens e grupos do IPCA, reponderados com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018. As ponderações atualizadas serão usadas no indicador oficial de inflação a partir de janeiro. “A impressão é que a mudança terá leve impacto deflacionário”, comenta ele.

Ainda como potencial ajuda, os preços de energia elétrica também podem subir menos do que o previsto, acrescenta o economista do Barclays. Com muitos fatores de incerteza no radar, o banco inglês espera que a Selic seja mantida em 4,5% ao ano em boa parte de 2020. O BC deve iniciar um ciclo de normalização da política monetária no último trimestre, afirma Secemski. “O juro deve começar a ir em direção a 6,5% em 2021.”

Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da Ativa Investimentos, os preços de serviços e de tarifas administradas por contrato devem continuar comportados, o que deixa espaço para que a Selic continue em queda em 2020. “Não há pressões inflacionárias derivadas de aumento de demanda”, avalia Freitas, para quem os serviços vão subir 3,81% em 2020, ante 3,45% em 2019.

Mesmo os serviços subjacentes, núcleo criado pelo BC que tem maior correlação com o nível de atividade, devem acelerar pouco em 2020, observa Romão, da LCA. Em seus cálculos, esse conjunto de preços vai avançar de 3,09% para 3,56% entre um ano e outro. “A renda, que é o combustível para a inflação desse setor, vai continuar crescendo pouco devido ao desemprego alto”, diz ele.

 

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https://www.osul.com.br/a-inflacao-de-2020-no-brasil-deve-ficar-abaixo-da-meta/ A inflação de 2020 no Brasil deve ficar abaixo da meta 2019-12-30
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