Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2019
A população da Alemanha atingiu um recorde de 83 milhões de habitantes no ano passado devido a uma migração que superou um déficit crônico de nascimentos, afirmou nesta sexta-feira (25) o órgão alemão de estatísticas. Em 2017, o país tinha 82,8 milhões de pessoas.
O país mais populoso da União Europeia e que tem gozado de crescimento econômico por nove anos consecutivos registrou uma migração líquida (entradas menos saídas) de 380 mil pessoas em 2018, enquanto o déficit de nascimentos (excedente de mortes em relação a nascimentos) ficou estimado em entre 150 mil e 180 mil.
“Apesar da população em aumento, o envelhecimento demográfico avança”, afirmou o órgão.
A migração líquida é a menor desde 2012 e caiu bastante desde 2015, quando cerca de um milhão de refugiados entraram no país.
A Alemanha atrai ainda milhares de jovens de outros países da UE, que vem ou estudar ou trabalhar no país.
A demografia é um assunto polêmico na Alemanha, onde muitas áreas rurais lutam contra uma população em declínio. Por sua vez, cidades maiores continuam a crescer, levando a um aumento dos aluguéis e dos valores dos imóveis.
A previsão é que a população alemã diminua para 79 milhões até 2030, quando pessoas com 65 anos ou mais representarão 28% da população.
Refugiados
Um partido de extrema-direita alemão, o NPD (Partido Democrático Nacional da Alemanha), ameaçou criar patrulhas de vigilantes para “proteger” áreas onde, segundo eles, a polícia não estaria fazendo o suficiente para impedir crimes cometidos por imigrantes.
Um vídeo do NPD no Facebook mostra como funcionaria essas patrulhas na Baviera.
Organizar grupos de justiceiros é ilegal na Alemanha e, dependendo de como agirem, membros das patrulhas podem ser detidos e processados.
A ameaça do NPD foi feita após uma briga envolvendo pessoas em busca de asilo no sábado em Amberg, no norte da Baviera, deixar 12 feridos.
No início do mês, um escritório de outro partido de extrema-direita, a AfD (Alternativa para a Alemanha), foi danificado por uma explosão. O ataque, na cidade de Döbeln, não feriu ninguém.
Nas eleições de 2017, aAfD entrou pela primeira vez no Parlamento alemão, ganhando 94 assentos.
O NPD é menor e só conseguiu cargos em assembleias regionais. Mas tem um deputado, Udo Voigt, no Parlamento Europeu, em Bruxelas. O NPD é amplamente visto como um partido neonazista e houve várias tentativas de bani-lo.
O representante do NPD na região de Nuremberg, Axel Michaelis, disse à BBC que seu partido “lançou a iniciativa de criar ‘zonas de proteção’ há seis meses”.
“Nossa presença vai dar aos cidadãos uma maior sensação de segurança, especialmente em áreas urbanas afetadas pelo crime”, disse ele. “Os policiais estão fazendo o seu melhor, mas a criminalidade, especialmente a cometida por refugiados, saiu do controle.”
O índice de criminalidade na verdade caiu em 10% na Alemanha em 2017, de acordo com dados divulgados pelo Bundeskriminalamt (escritório da polícia federal criminal da Alemanha). É a queda mais abrupta em 25 anos, segundo a Deutsche Welle. Os dados de 2018 ainda não foram divulgados.
Em 2017, as pessoas classificadas como “em busca de asilo, refugiados de guerra ou imigrantes ilegais” foram cerca de 8,5% do total de suspeitos de crimes, ainda de acordos com dados do Bundeskriminalamt.
Para o criminologista Dominic Kudlacek, da Unidade de Pesquisa Criminológica da Baixa Saxônia, refugiados também são frequentemente as vítimas desses crimes. Segundo ele, boa parte do crime que essa parte da população comete, especialmente crimes violentos, são cometidos contra outros refugiados.
A polícia de Amberg disse à BBC que não havia evidências até agora de patrulhas do NPD na cidade, mas que está investigando as afirmações do partido.