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Por Redação O Sul | 13 de dezembro de 2018
Além do apartamento no bairro de Copacabana, no Rio, a Nissan está tentando impedir o acesso a outra residência usada por Carlos Ghosn em Beirute, que faz parte de uma rede global de imóveis pertencentes à fabricante japonesa de veículos e concedidos ao presidente deposto, segundo fontes a par da situação. A Nissan forneceu a Ghosn e sua família o uso de imóveis em alguns países, como Brasil e França, durante seu mandato, que teve um fim abrupto no mês passado, quando o executivo foi preso em Tóquio por suspeita de crimes financeiros.
Promotores do Japão denunciaram formalmente Ghosn na segunda-feira, acusando-o de ter declarado remuneração inferior à recebida de fato ao longo de cinco anos, a partir de 2010. O executivo brasileiro teve sua prisão novamente prorrogada por novas acusações que cobrem um período de tempo diferente, de 2015 a 2017. Isso vai mantê-lo em detenção por pelo menos mais 10 dias, até 20 de dezembro.
Enquanto a batalha jurídica é travada no Japão, a Nissan tenta evitar que a família de Ghosn tenha acesso a um apartamento de luxo no Rio de Janeiro, avaliado em cerca de US$ 3 milhões, e a uma mansão cor de rosa no distrito histórico de Beirute, que a companhia comprou por US$ 8,75 milhões em 2012.
As fechaduras de vários imóveis já foram trocadas, disseram essas fontes. A esposa de Ghosn, Carole, foi impedida de entrar na casa em Beirute. No Brasil, a Nissan contesta a decisão de um tribunal local de conceder a representantes do Ghosn acesso ao apartamento do Rio “devido à alta probabilidade de que provas sejam removidas ou destruídas”, afirmou a fabricante de veículos em comunicado na segunda-feira.
A Nissan não conseguiu entrar em outras casas, em Paris e Amsterdã, porque apenas Ghosn e seu assistente têm as chaves dos imóveis, completaram as fontes. A Bloomberg News rastreou cinco dos imóveis da Nissan. Embora Ghosn não fosse um visitante frequente de qualquer desses lugares — ele é famoso por passar boa parte do tempo no avião particular da empresa, pulando de um continente para o outro —, sua presença foi notada por vizinhos e prestadores de serviços entrevistados por repórteres.
Não está claro se o uso que Ghosn fez das casas está sendo investigado pelos promotores japoneses, mas as pessoas a par do assunto dizem que os imóveis aparecem na investigação da companhia sobre seu ex-presidente, que salvou a Nissan da falência ao criar uma aliança com a Renault há duas décadas.
A localização das residências foi verificada com endereços listados em documentos, incluindo registros de transações e de imóveis, e entrevistas com prestadores de serviços e pessoas com conhecimento direto da investigação da Nissan e do caso Ghosn, que pediram anonimato.
Confira mais detalhes dos imóveis:
Apartamento em Amsterdã: a Nissan paga o aluguel mensal de € 8 mil deste apartamento, que é usado exclusivamente por Ghosn.
Mansão em Beirute: esta casa está registrada no nome da Nissan, mas estava à disposição de Ghosn, disse Hadi Hachem, chefe de gabinete do ministro das Relações Exteriores do Líbano.
Residência em Paris: localizada em uma das avenidas mais luxuosas de Paris e com três andares, foi comprada por uma subsidiária da Nissan em 2006, segundo documentos de registro de imóveis franceses.
Apartamento no Rio de Janeiro: após a prisão de Ghosn, representantes da Nissan trocaram as fechaduras deste apartamento e pegaram carros da garagem, de acordo com uma pessoa com conhecimento das ações. A Nissan é proprietária do apartamento. Uma Corte brasileira garantiu à família de Ghosn acesso à propriedade no bairro de Copacabana, pertencente à Nissan, mas a companhia informou em comunicado que recorreu da decisão.
Apartamento em Tóquio: este apartamento foi alugado em nome de Ghosn até junho de 2017, quando foi transferido para a Nissan. A empresa pagou o aluguel mensal de 1 milhão de ienes (US$ 8.900) antes e depois da transferência.