Por Redação O Sul | 20 de março de 2020
Em postagem no Facebook na tarde dessa sexta-feira, o prefeito Amauri Magnus Germano confirmou o fechamento de dez das 13 entradas de Capão da Canoa, uma das mais movimentadas cidades do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A medida foi adotada pelo temor de que o ingresso desordenado de pessoas de outros locais possa favorecer o contágio por coronavírus na cidade, que ainda não tem casos confirmados da doença.
Os únicos acessos disponíveis são pela avenida Paraguassu, pela praia de Curumin e pela rodovia estadual RS-407. Nessas vias, quem chega é sabatinado a respeito de informações como “de onde você está vindo?”, “tem casa ou apartamento em Capão?” e “Por que está na cidade?”.
“Infelizmente, algumas medidas drásticas precisam ser tomadas em época de crise”, justificou no texto o chefe do Executivo municipal, que no mesmo dia já havia decretado estado de calamidade pública. “A falta de consciência de pessoas que entendem que a quarentena é férias nos levou a tomar ações como essa. Pedimos que respeitem as orientações pela saúde de todos.”
Com mais de 53 mil habitantes conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Capão da Canoa é a praia mais populosa do Rio Grande do Sul (seguida por Tramandaí, com quase 52 mil). E uma das características demográficas do município é justamente o fato de que milhares de veranistas possuem imóvel no município.
O fechamento dos acessos – pela colocação de trincheiras de pedra, inclusive sob um dos pórticos de “Boas Vindas” – dividiu opiniões, a julgar pelos quase 150 comentários feitos na página da rede social até o final da noite. Enquanto alguns internautas manifestavam apoio à decisão, outros questionaram a sua utilidade ou mesmo a validade legal.
Polêmica
A estratégia de Amauri deve entrar em choque com as diretrizes do governo gaúcho: à noite, horas depois da instalação dos bloqueios em Capão da Canos, um novo decreto assinado pelo governador Eduardo Leite determinou a interdição das praias gaúchas (inclusive as de água doce) mas também proibiu o fechamento dos limites entre municípios.
“Não é veraneio e nem férias, é isolamento”, salientou o chefe do Executivo estadual. “Por isso, determinamos o fechamento de todas as praias, inclusive as de água-doce. Além disso, o governo está proibindo que os municípios fechem os seus acessos, exceto por determinação expressa do Palácio Piratini. Esse tipo de restrição é inadequada e extrapola a competência dos prefeitos.”
Calamidade
Também nessa sexta-feira, o prefeito de Capão da Canoa decretou estado de calamidade pública no município por um período de 30 dias, atribuindo a medida à necessidade de “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do surto epidêmico de coronavírus”. O documento tem itens que impactam diretamente sobre o funcionamento do comércio, dentre outros tópicos.
Ficou determinada a suspensão das atividades e dos serviços privados não essenciais, bem como o fechamento dos hotéis, pousadas, hostels, shopping centers, bares noturnos, quiosques à beira-mar, centros e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços dentro do território do Município de Capão da Canoa.
Ficaram de fora farmácias, clínicas de atendimento em saúde, mercados, supermercados, restaurantes, padarias, lancherias, bares, quiosques de alimentação, postos de combustíveis, clínicas veterinárias, agropecuárias e demais estabelecimentos de venda de produtos animais.
No caso dos supermercados, o funcionamento diário está restrito das 7h às 19h, com limite de uma pessoa a cada 2 m² e fixação de horários e setores exclusivos para pessoas maiores de 60 anos ou enquadradas em grupos de risco. Já os restaurantes e demais estabelecimentos de alimentação só podem funcionar das 7h às 15h e com 50% da capacidade do estabelecimento, exceto para serviços de tele-entrega, autorizados a trabalhar de forma ininterrupta.
(Marcello Campos)
