Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2019
O presidente Jair Bolsonaro confirmou, na quinta-feira (15), que pode manter uma interinidade na PGR (Procuradoria-Geral da República) até escolher um nome adequado para o cargo. O chefe do Executivo, que previa fazer o anúncio até esta sexta (16), afirmou que não vai estipular um novo prazo para não ser acusado de recuar em suas decisões.
“Não tem prazo não, porque senão vão dizer que estou recuando o tempo todo. Não tem prazo, eu até estou muito feliz com o que vem acontecendo na PGR. Não temos nenhum problema se porventura até a data prevista não tiver uma pessoa exercendo efetivamente essa função”, disse o presidente, após participar da entrega da Medalha do Mérito Mauá, condecoração do Ministério da Infraestrutura.
O mandato da atual procuradora-geral, Raquel Dodge, termina no dia 17 de setembro. De acordo com auxiliares do presidente, o ideal era que a escolha fosse feita até um mês antes do fim período de Dodge no cargo para que houvesse tempo hábil de aprovar o nome no Senado e evitar uma interinidade no cargo.
Segundo o jornal O Globo, nos bastidores citava-se a possibilidade de que Bolsonaro não irá indicar um nome ao comando da PGR e pretende deixar a instituição sob a chefia de um subprocurador interino. Pela legislação, o nome que assume interinamente o cargo de procurador-geral da República é o vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que atualmente é o subprocurador Alcides Martins, eleito na última sexta-feira (9).
Seu perfil agradou Bolsonaro: discreto e moderado, Alcides havia votado favoravelmente à indicação do procurador Ailton Benedito para a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Essa indicação, porém, acabou sendo barrada pelo Conselho Superior. Chefe da Procuradoria da República de Goiás, Ailton é alinhado a teses conservadoras e era um nome desejado por Bolsonaro para a comissão.
Articulação
O senador Eduardo Girão (Podemos) confirmou que se encontrou com o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, em Brasília no dia 28 de fevereiro. Girão, todavia, negou que o encontro tenha sido sigiloso e que tenha articulado indicações para a PGR.
O portal UOL, em parceria com o The Intercept Brasil, publicou reportagem que mostra Deltan promovendo articulações políticas a fim de emplacar o procurador Vladimir Aras, seu aliado no Ministério Público Federal, como novo procurador-geral. Para atingir seu objetivo, Deltan teria feito lobby com ministros do governo Jair Bolsonaro, do STF (Supremo Tribunal Federal) e senadores, incluindo Girão.
“Tanto não é verdade que ocorreu em um lugar público. Uma reunião absolutamente republicana. Também é inverossímil a insinuação de que eu articulo ou articulei indicações à PGR”, disse Girão em nota.
As mensagens mostram que a articulação para Aras assumir a PGR começou no período eleitoral e, após o primeiro turno do pleito presidencial, ele e Deltan passaram a planejar abordagens ao entorno do então candidato Bolsonaro.