Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2016
Por trás do pesadelo judicial que está vivendo a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner está outra mulher, que foi candidata à Presidência em 2015 e hoje ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados. Aos 61 anos, Margarita Stolbizer, líder da Frente Ampla Progressista, tornou-se peça-chave nos processos contra a ex-chefe de Estado.
A deputada foi quem apresentou as denúncias que permitiram a abertura dos casos Los Sauces e Hotesur, nos quais Cristina é investigada por supostos enriquecimento ilícito, associação ilícita, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos públicos.
A senhora acredita que a ex-presidenta poderia ser processada ou mesmo presa?
Margarita Stolbize – Vamos por partes. Primeiro, sim, a Justiça finalmente está avançando na direção correta e sempre achei que isso aconteceria. Agora, por outro lado, existe muita ansiedade, muitas pessoas querem ver Cristina presa. Mas penso que nem sempre a prisão resolve os problemas, considero muito mais importante uma eventual inabilitação para exercer cargos públicos.
Foram realizadas várias inspeções em propriedades de Cristina. A senhora acredita que foram encontradas provas das acusações?
Margarita – Muitas dessas provas já existem e já foram encontradas. Nós encontramos uma parte, agora os juízes estão buscando mais elementos. De acordo com nossos cálculos, em um período de quatro anos, a família Kirchner recebeu 20 milhões de pesos (1,3 milhão de dólares), mas supõe-se que o montante foi muito superior.
A Câmara Federal disse aos juízes que as investigações sobre Cristina devem ser aprofundadas.
Margarita – Foi uma resolução muito importante. A Câmara considera que os três processos mais complicados para Cristina não devem ser unificados, porque separados permitem que cada juiz possa trabalhar melhor, mas, ao mesmo tempo, em permanente consulta com os outros magistrados.
O juiz Sebastián Casanello foi acusado de tentar proteger Cristina.
Margarita – Agora o processo está bem encaminhado, e Casanello deverá, em algum momento, chegar aos máximos responsáveis. Lázaro Báez (empresário kirchnerista, preso em abril) não poderia ter enriquecido se funcionários dos governos Kirchner não o tivessem favorecido em concessões de obras públicas.
O chefe desta associação foi Kirchner e, após sua morte, Cristina?
Margarita – Sem dúvida. Ambos sempre tiveram uma concepção centralista do poder. Quando Kirchner morreu, Cristina poderia ter optado por ser a viúva que herdava a riqueza. Mas, não, ela quis dar continuidade e até ampliar os negócios ilícitos da família.
Os casos iniciados por suas denúncias se transformaram em verdadeiro pesadelo para os Kirchner.
Margarita – Porque são casos que provam que o enriquecimento da família se deu por negócios ilícitos.
A senhora imaginou este cenário?
Margarita – Sempre soube que estava apontando para algo importante e que lhes doeria muito.
Muitos kirchneristas se dizem envergonhados e alguns abandonaram as bancadas kirchneristas na Câmara e no Senado.
Margarita – O problema foi que a corrupção se tornou pública e já não era possível defender isso. Muitos falam no final do kirchnerismo, mas, para mim, ele terminou quando perdeu a eleição. A fuga de kirchneristas não é pela corrupção, porque todos conviveram com a corrupção por quase 13 anos, mas porque perderam o poder.
A senhora pretende apresentar outras denúncias?
Margarita – Continuarão surgindo elementos, e iremos ampliando as denúncias. Como mulher, sempre pensei que era bom ter uma presidenta, mas foi uma fraude, prometeram coisas que nunca cumpriram e usaram o poder para enriquecer. (AG)