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Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2018
A Venezuela representa uma clara ameaça à estabilidade regional e seu colapso econômico pode arrastar importantes aliados dos Estados Unidos, como Brasil, Argentina e Colômbia, disse Marshall Billingslea, secretário assistente sobre financiamento ao terrorismo do Departamento do Tesouro americano, na terça-feira. Ele acusou ainda o governo de Nicolás Maduro de contaminar suprimentos de água do país em áreas de mineração.
“A Venezuela representa uma clara ameaça à estabilidade e segurança regionais com a horrível crise humanitária que se desdobra diante dos nossos olhos”, disse Marshall Billingslea, no American Enterprise Institute, em Washington. “Esta é uma questão hemisférica, e a implosão do regime é um desafio direto para nós.”
A economia venezuelana, dependente do petróleo, está em queda livre desde 2014, quando os preços do produto caíram. Essa queda, combinada à má gestão econômica, provocou uma falta de divisas que derrubou as importações de alimentos e outros produtos básicos. O Fundo Monetário Internacional estimou que a inflação no país neste ano chegará a 1.000.000%, enquanto o PIB cairá 15%.
A situação levou milhares de 1,6 milhão de venezuelanos a emigrarem desde 2015, rumo a países como Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Chile, criando um desafio para nações da região.
Billingslea chamou ainda o governo de Maduro de um dos maiores grupos criminosos do Hemisfério Ocidental, acusando-o de envolvimento em lavagem de dinheiro, corrupção, fraude e esquema ilegal de mineração, com prejuízos ainda para o meio ambiente. Mercúrio e outras substâncias usadas na extração do ouro estariam contaminando os reservatórios de água. O ouro seguiria para a Turquia, de acordo com o secretário assistente.
Washington tenta pressionar Maduro, seus parentes e altos membros do Partido Socialista Unido da Venezuela através de sanções econômicas, mas o governo venezuelano não mostra disposição para entregar o poder ou negociar uma transição.
Billingslea disse que os Estados Unidos estão colaborando com países como México, Colômbia, Panamá, Argentina e Espanha para bloquear ativos roubados da Venezuela.
Solução diplomática
O chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, almirante Kurt Tidd, disse na segunda-feira que a solução para a crise na Venezuela deve passar pela diplomacia. Segundo ele, os EUA estão dispostos a ajudar a região a enfrentar a gestão de assistência humanitária.
“A solução tem que ser uma via diplomática que seja liderada e acolhida pelos parceiros regionais. Acreditamos que podemos ter um papel para ajudar estes parceiros regionais a manejar a crise humanitária”, disse o almirante a repórteres.
Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru enviaram uma carta ao TPI (Tribunal Penal Internacional), solicitando uma investigação sobre crimes contra a Humanidade que, segundo estes países, foram cometidos pelo governo do presidente Nicolás Maduro. A França e a Costa Rica apoiaram publicamente a iniciativa.
“Este é um problema que toda a região reconheceu, e a OEA (Organização dos Estados Americanos) se uniu em uma das formas mais efetivas que já tínhamos visto nos últimos anos.”
O pedido ao TPI se baseia em dois relatórios sobre a violação dos direitos humanos na Venezuela, um da OEA e outro do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, como explicou o ministro chileno das Relações Exteriores, Roberto Ampuero.
A economia venezuelana, dependente do petróleo, está em queda livre desde 2014, quando os preços do produto caíram. Essa queda, combinada à má gestão econômica, provocou uma falta de divisas que derrubou as importações de alimentos e outros produtos básicos. O Fundo Monetário Internacional estimou que a inflação no país neste ano chegará a 1.350.000%, enquanto o PIB cairá 15%.