Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2017
Um dia após postar no Facebook relato sobre a agressão que sofreu por um aluno dentro da escola, a professora de Indaial (SC) Marcia Friggi, de 51 anos, foi alvo nessa terça-feira de patrulhamento político nas redes sociais. Friggi, que teve a foto do rosto ferido compartilhada mais de 350 mil vezes, recebeu centenas de mensagens de apoio, mas também várias outras que a criticaram. A maioria dos críticos acusou a educadora de ter apoiado agressões contra o deputado Jair Bolsonaro. Após a grande repercussão do caso, a professora excluiu sua conta no Facebook.
“Tá reclamando do quê? Você não apoiou a agressão contra Jair Bolsonaro? Provou do próprio veneno”, diz um dos comentários.
Em outro caso, um internauta também disse:”E então Marcia Friggi, ainda vai elogiar, curtir e se sentir representada quando o deputado #Bolsonaro for agredido por um (a) marginal, menor de idade ou não?”
Nas redes, circula uma imagem que mostra o que seria uma antiga publicação da professora com mensagem favorável à ovada dirigida a Bolsonaro, na semana passada, quando viajou a Ribeirão Preto.
Em um dos comentários sobre a postagem que seria da professora, um internauta ressaltou que posição política não é razão para uma pessoa ser agredida:
“Posição política não decide se tu deve ser agredido. Assim como a roupa não culpabiliza a vítima no caso de estupro, as postagens não culpabilizam a agressão.”
A chamada doutrinação partidária nas escolas, prática danunciada por alguns partidos, também foi lembrada na discussão. Em vários comentários, pessoas acusavam a professora de formar alunos com fundamentos ideológicos de esquerda.
“Doutrina mais os seus alunos com Che Guevara, dá mais Fidel Castro pra eles!”, disse um deles. Em outro, “É o que acontece quando, em vez de ENSINAR, DOUTRINA-SE o aluno.”
No twitter, reações semelhantes também aconteceram:
#MarciaFriggi,a professora agredida que gosta de fomentar violência contra outros, mas essa violência voltou-se contra ela. #LeidoRetorno.
— Cláudio Pereira (@claujosper) 22 de agosto de 2017
AGRESSÃO
Na manhã de segunda-feira, a professora de literatura e língua portuguesa foi agredida por um aluno de 15 anos após expulsá-lo da sala por mau comportamento. Encaminhado para a direção, o jovem, inconformado, agrediu Friggi com um soco no rosto.
Após o ocorrido, a professora postou fotos do ferimento, acompanhado de um texto em que afirmava estar dilacerada.
“Estou dilacerada por saber que não sou a única, talvez não seja a última. Estou dilacerada por já ter sofrido agressão verbal, por ver meus colegas sofrerem”, escreveu em sua página na rede social. “Eu me sinto em situação de desamparo, da mesma forma que estão desamparados todos os professores brasileiros. Estamos, há anos, sendo colocados nesta condição pelos governos.”
“Estou dilacerada pelos meus bons alunos, que são muitos e não merecem nossa ausência”, acrescentou.
O jovem, por ser menor de idade, teve a agressão registrada em ato infracional por lesão corporal. Ele deve depor durante a semana.
O estudante de 15 anos tem em seu histórico pessoal ao menos dois outros registros por agressão. Segundo a Promotoria da Infância e da Juventude, o adolescente já cumpriu medidas socioeducativas por agredir a própria mãe, além de um colega de turma em outra instituição de ensino na qual estudou.