Sexta-feira, 18 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2021
O Ministério Público de Paris pediu que a Air France e a Airbus fossem julgadas por homicídio culposo no acidente com o voo AF447 do Rio de Janeiro a Paris em 2009, que matou todas as 228 pessoas a bordo, informou uma fonte judicial à Reuters.
Uma audiência de apelação para decidir sobre o pedido do promotor foi marcada para 4 de março, confirmando informação publicada no site do Le Parisien. O escritório do MP de Paris e a Airbus não puderam ser contatados imediatamente pela agência. A Air France não quis comentar.
Em 2019, a Justiça francesa retirou as acusações contra a Air France e a fabricante de aviões europeia Airbus sobre o acidente, dizendo que os pilotos haviam perdido o controle do avião.
Segundo especialistas, o elemento que desencadeou o acidente foi o congelamento dos sensores externos da aeronave — os tubos de pitot — que levaram ao fornecimento de dados errados de velocidade. O defeito desorientou os pilotos durante a travessia noturna do Atlântico, e o avião, um Airbus A330, caiu.
O pedido dos procuradores da França amplia para a Airbus uma requisição já apresentada pela Promotoria de Paris, que acusava a Air France de cometer “negligência” ao não fornecer aos seus pilotos informação suficiente sobre como reagir em caso de anomalias nos sensores que controlam a velocidade dos aviões. Os investigadores citaram outros incidentes deste tipo nos meses anteriores à tragédia.
O jornal Le Parisien informou que o promotor de Paris agora diz que houve “infrações censuráveis” por parte da Air France, principalmente no treinamento da tripulação, e diz que a Airbus subestimou os riscos representados pelo gelo nos sensores.
O jornal não informou como obteve as informações.
Disputa judicial
As duas empresas tinham sido acusadas em 2011 por homicídios culposos na queda do avião, mas, após quase uma década, os juízes que investigavam as causas do incidente rejeitaram as acusações contra as duas empresas.
Nessa primeira leitura, há quase dez anos, os magistrados alegaram que as investigações “não levaram à identificação de uma falha defeituosa por parte da Airbus, ou da Air France”. Do outro lado, grupos de apoio às vítimas reclamaram contra essa decisão, que chamaram de “absurda e corporativista”.