Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2024
Além da decisão de cancelar o polêmico leilão do governo para a compra de arroz importado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer medidas enérgicas contra todos envolvidos. Durante a reunião com os ministros da articulação política do governo, o presidente pediu o afastamento e a investigação de todos os envolvidos no processo do leilão.
O cancelamento do leilão ocorreu após uma série de suspeitas de irregularidades no leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz, já que empresas sem histórico de atuação no mercado de cereais arremataram os lotes.
Duas das empresas vencedoras do leilão, a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso e a Foco Corretora de Grãos, foram fundadas em maio de 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, que atuava como secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Após a polêmica, o ex-deputado Neri Geller colocou o cargo à disposição do ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e foi demitido.
Devido às chuvas no Rio Grande do Sul, o governo decidiu importar arroz, já que o Estado é responsável por 70% da produção nacional do grão. Porém, cerca de 80% do cereal já havia sido colhido antes das inundações.
O leilão foi cancelado após indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. O governo pretende fazer um novo leilão.
O evento também tem sido criticado por ter tido a participação de um ex-assessor parlamentar do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que. Oposição e associações de produtores alegam que houve favorecimento. O ex-assessor nega.
Em relação à capacidade técnica das vencedoras, o que se tem apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação. Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.
A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só fica sabendo quem são as empresas vencedoras após os resultados da operação. Isso porque quem intermedia as negociações são as bolsas de cereais.
O arroz seria vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e teria o rótulo do governo. Nos supermercados de SP, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30.