Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2021
O presidente da Associação Alemã de Clínicos Gerais, Ulrich Weigeldt, disse que a Alemanha provavelmente terá que organizar uma campanha de vacinação contra a Covid-19 para uma quarta dose de reforço no próximo ano, visando controlar a pandemia de coronavírus no país.
Em entrevista publicada neste fim de semana pelo jornal Bild, o especialista afirmou que as doses de reforço provavelmente se farão necessárias a partir de meados de 2022.
A campanha de vacinação do país tem ganhado velocidade gradativamente desde que foi reiniciada para a administração de doses de reforço. Uma quarta onda de covid-19 aumentou maciçamente o ritmo de infecções, provocando recordes sucessivos nas estatísticas de contaminações.
O surgimento da variante ômicron, que já está presente na Alemanha, contribuiu para complicar ainda mais o quadro.”Nossa expectativa é que essa mutação se torne lentamente a variante dominante no início do próximo ano”, disse o presidente da Associação Alemã de Medicina Intensiva (DIVI), Gernot Marx, em entrevista ao jornal Passauer Neue Presse.
A gigante farmacêutica Pfizer e sua parceira BioNTech disseram que os resultados de um estudo inicial da eficácia de sua vacina contra o ômicron mostraram que uma terceira dose do inoculante fornece proteção ampla contra a variante.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Robert Koch (RKI), agência alemã de prevenção e controle de doenças, cerca de 1,1 milhão de alemães receberam sua terceira vacina contra covid-19 desde o meio do ano passado. Dessa forma, atualmente cerca de 20% dos adultos alemães estão totalmente vacinados com uma dose de reforço..
Preocupação
Enquanto no Brasil a chegada da quarta onda da Covid-19 ainda é uma ameaça, na Europa ela já é realidade. A Alemanha, por exemplo, registrou, na última quarta-feira (8), um recorde de mortes pela doença em mais de dez meses, com 527 óbitos em apenas 24 horas. A situação preocupa os brasileiros que vivem no país europeu, como as gêmeas Marina e Estela Machia, de 27 anos, e o gerente estratégico de vendas Lucas Toledo, de 28 anos.
As irmãs são de Sorocaba, no interior de São Paulo, mas moram em Ingolstadt, no sul da Alemanha, há cinco anos. Na cidade onde elas vivem hoje, o número de casos de Covid-19 vem aumentando bastante desde outubro, o que fez com que algumas medidas de prevenção fossem aplicadas.
“Muitas empresas seguem em home office ou em modelo híbrido de trabalho, e máscaras FFP2 em lugares fechados ainda são obrigatórias. Agora, as pessoas começaram a ficar mais apreensivas com a chegada do inverno e da nova variante ômicron”, relatam as gêmeas, que são engenheiras.
Na tentativa de conter uma disparada de infecções diárias pelo coronavírus, que pode ser agravada pela ômicron, a Alemanha anunciou mais restrições às pessoas que não se vacinaram contra a doença, “Os não vacinados estão em lockdown agora. Não podem entrar em restaurantes, eventos e lojas. Só podem entrar em supermercados”, explica Marina.
Em Frankfurt, na região central da Alemanha, onde Lucas vive há três anos, a situação também não é das melhores. O jovem lembra que o lockdown completo teve início no país em março de 2020 e, durante cerca de três meses, os moradores só podiam sair de casa para ir ao mercado e encontrar apenas uma pessoa da família.
As restrições foram diminuindo à medida em que o número de casos foi sendo controlado aos poucos na Alemanha. No entanto, em outubro do ano passado, a segunda onda da pandemia voltou a fechar tudo no país. Foi nesta época que o jovem pegou a doença jogando bola e precisou ficar em isolamento restrito em casa por 14 dias.
“O governo controla. Liga para você, manda carta para saber se você está em casa. Meus amigos tiveram que ajudar fazendo compras para a gente. Inclusive, meu filho tinha acabado de nascer e eu não conseguia ficar com ele, tinha que ficar trancado”, lembra. “O governo alemão tem uma cultura muito diferente do Brasil em relação à medicina. Em geral, antibiótico não é uma coisa comum aqui, é super restrito. Então, eles nunca receitaram ivermectina, cloroquina, nada, sempre ibuprofeno para diminuir a febre e, se tivesse falta de ar, ia para o hospital.”