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Tito Guarniere Aos pastores bolsonaristas

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A política é um campo do profano, do secular, do não religioso. (Foto: @giscardstephanou/Instagram)

Me desculpem os pastores que apoiam Bolsonaro, mas igrejas não são comitês de candidaturas. A política é um campo do profano, do secular, do não religioso. Trata do corpo e da matéria e não da alma. Os senhores deveriam se filiar a um partido político. Sim, sei que uma boa parte dos senhores fez isso: se filiou, candidatou, elegeu. Mas os senhores estão misturando as coisas – o que não é bom para a religião e nem para a política. É mistura perigosa e tóxica.

Não tenho a pretensão de definir os limites de sua Igreja. Mas sou um cidadão brasileiro às portas de uma eleição: tenho o direito de opinar. A forma como vem se desdobrando a eleição presidencial me permite expor objeções, as quais se contrapõem ao modo como os senhores têm se conduzido.

Longe de mim sustentar que os senhores, por serem pastores, estão impedidos de dar opinião, influenciar e agir sobre os eventos da vida civil e secular. Mas os senhores deveriam refletir sobre a influência que exercem sobre os seus fiéis, e mais do que isso, sobre as bandeiras que desfraldam e posições que assumem.

Dou-lhes exemplos. É um acinte delirante dizer que certo candidato – Lula – vai legalizar o aborto e o uso de drogas, vai implantar o comunismo no país, vai fechar igrejas e perseguir os cristãos. Porque ele iria fazer tais coisas agora, se não fez nada nem parecido quando foi presidente duas vezes e o seu partido(PT) ainda governou o país por mais cinco anos com Dilma? Não posso acreditar que não se tenham feito tal pergunta, que tenha-lhes passado despercebido tão elementar raciocínio.

Os senhores mergulharam de cabeça no jogo político, com todas as suas artimanhas, as suas imposturas, as suas mentiras. Não é a verdade que nos libertará?

Mais do que as mentiras, sem nenhuma sombra da virtude cristã da humildade, os senhores atulham os seus fiéis – gente modesta, simples, mulheres e homens boa fé – com suas diatribes, argumentos bizarros, acusações falaciosas que só um ser diabólico ousaria divulgar. Os senhores usam o seu poder e a sua autoridade religiosa para jogar irmãos contra irmãos, como se a luta política fosse a luta do bem contra o mal, de Deus contra o diabo.

Os senhores ajudam a cultuar a animosidade, a intolerância e o ódio. Isso é de Deus ou do diabo? Os senhores recomendam o voto para um candidato que defende a tortura e os torturadores, que disse (e não tem como negar) que o regime militar deveria ter eliminado 30 mil brasileiros, que debochou dos doentes de Covid no seu leito(muitas vezes leito de morte). E proclamam que estão defendendo valores cristãos. De que cristandade estão falando? Os senhores são pastores cristãos ou pretendentes a aiatolás?

Deixem seus fiéis tomarem a decisão por si. Os senhores têm o direito de apontar o caminho da salvação, de interpretar a seu modo a doutrina e os desígnios do Senhor. Mas , por favor, a escolha dos governantes, dos representantes na vida terrena e civil, é ato de cada um. Pode-se, sim, dar uma luz, um sinal, um conselho. Mas não podem transformar o embate político em causa da Igreja, em palavra de Deus, em cruzada religiosa.

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