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Brasil Bolsonaro ignorou Lula e disse que não vai entrar em “canoa furada”

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Ao receber a notícia, Bolsonaro não esboçou reação. (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Um dia após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que acabou com a possibilidade da prisão após condenação em segunda instância, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que é responsável, apenas, pelo que acontece no Poder Executivo. Para um pequeno grupo de militantes que estava na portaria do Palácio da Alvorada, ele disse que “não vai entrar em canoa furada”.

Ele não se pronunciou sobre a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Eu sou responsável por aquilo que acontece no Poder Executivo, tá ok? Eu não vou entrar numa canoa furada. Eu tenho responsabilidade perante a todos vocês”, disse o presidente sem explicar exatamente o que seria a “canoa furada” mencionada.

Silêncio

A saída da prisão do ex-presidente Lula dividiu opiniões no Palácio do Planalto e foi recebida com silêncio pelo presidente Bolsonaro, que considera o petista seu principal adversário político.

Em Goiânia, onde participava da entrega de ônibus escolares, o presidente não comentou o assunto, se ausentou de entrevista programada e evitou os veículos de imprensa após a expedição da ordem de soltura.

Em caráter reservado, no entanto, disse a um grupo de auxiliares e aliados que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que barrou a prisão após segunda instância e permitiu a soltura do petista, deve ser respeitada.

Durante a cerimônia na capital goiana, minutos depois da decisão do juiz federal Danilo Pereira Junior, um assessor do Palácio do Planalto se dirigiu à tribuna de honra e mostrou ao presidente a tela de seu celular.

Bolsonaro ouviu em silêncio e, menos de um minuto depois, cochichou ao ouvido do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que estava sentado ao seu lado. Após a conversa, olhou para a frente e baixou a cabeça.

Próximo a discursar, o presidente falou sobre diversos assuntos, como a necessidade de não ter o que chamou de “ideologia política ou de gênero” no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas não abordou a soltura de Lula.

Na sequência, deixou o local sem comparecer a entrevista programada.

A saída do presidente surpreendeu até mesmo a sua equipe de comunicação. Minutos antes de Bolsonaro entrar no carro, dois assessores palacianos já tinham organizado o espaço e anunciado que os jornalistas teriam direito a três perguntas.

Ao serem informados de que Bolsonaro havia desistido, os repórteres saíram às pressas do local, pegando mochilas e equipamentos. Um deles chegou a pular um balcão para alcançar a comitiva presidencial.

O presidente viajou a Goiânia para cerimônia de entrega de 214 ônibus escolares do programa Caminho da Escola. Por coincidência, a iniciativa federal foi lançada quando Lula estava à frente do Palácio do Planalto, em 2007.

Após a solenidade, Bolsonaro compareceu à inauguração do escritório político regional do líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL-GO). A assessoria do parlamentar havia informado que estava programada uma entrevista.

Segundo relatos feitos à Folha, no entanto, a pedido da segurança presidencial, a entrada da imprensa foi proibida e um forte esquema de segurança foi montado ao redor da casa.

Na entrada, antes da chegada dos jornalistas, ele cumprimentou simpatizantes que o esperavam do lado de fora. Na saída, em comportamento atípico, não se dirigiu aos moradores da região, fazendo apenas um aceno de longe.

Se a soltura de Lula teve como resultado o silêncio de Bolsonaro, no Palácio do Planalto as reações se dividiram entre otimismo e pessimismo.

Para integrantes do núcleo ideológico, formado por seguidores do escritor Olavo de Carvalho, a soltura do petista retoma a polarização da campanha eleitoral, entre direita e esquerda, o que pode fortalecer o apoio ao presidente contra uma volta do PT ao governo federal.

A avaliação desse grupo governista é a de que, no momento em que a rejeição de Bolsonaro apresenta um crescimento, como mostram as pesquisas de popularidade, o ressurgimento de um antagonista de peso pode ajudar a paralisar a alta entre eleitores de centro, em virtude do receio de uma eventual candidatura presidencial de Lula em 2022.

O chamado núcleo moderado, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, no entanto, não é tão otimista.

Para esse grupo, a volta de Lula ao cenário político cria o risco de uma reorganização da oposição, que até então, na avaliação desses integrantes do governo, tem apresentado uma atuação tímida.

O receio é o de que esse novo cenário crie uma onda de manifestações no País, que pode fragilizar a imagem do governo e estimular retaliações no Congresso Nacional, como a obstrução de votações de interesse do Planalto.

A decisão da STF de barrar a prisão em segunda instância surpreendeu o núcleo mais próximo de Bolsonaro, que não esperava que o ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, desempatasse a votação contra a prisão imediata.

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https://www.osul.com.br/apos-a-soltura-de-lula-bolsonaro-adota-o-silencio-e-o-planalto-se-divide/ Bolsonaro ignorou Lula e disse que não vai entrar em “canoa furada” 2019-11-08
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