Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2015
A lama que se arrasta pelo rio Doce nem tinha atingido o Espírito Santo, na semana passada, e o pescador Ermínio Pimenta, 58 anos, já tinha problemas em vender o seu peixe no comércio da cidade de Linhares, onde o rio desemboca no mar. “Tinha restaurante já recusando. Não queriam comprar porque diziam: ‘Ah, o peixe de vocês está poluído’.”
Ele é um dos 66 profissionais cadastrados na associação de pescadores de Regência, distrito incrustado no encontro do rio Doce com o mar capixaba.
Para pescadores e membros da associação, a pesca na foz do rio deverá demorar dez anos para voltar ao normal. Diante do impacto econômico na vila, a entidade pretende cobrar da Samarco um subsídio de 1,8 mil reais por mês para cada um dos profissionais afetados.
Segundo o presidente da associação, Leônidas Carlos, o valor leva em consideração a média de ganhos, que podem chegar a 1 mil reais por semana nos períodos em que há fartura de robalos. Pescadores temem que, mesmo após a recuperação do rio, o estigma dos peixes poluídos persista.
Eidimiar dos Santos, 32 anos, disse que vai demorar para ter coragem de alimentar sua filha de 9 meses com peixe que saia do Doce. “Quando ela tiver uns dez anos acho que vai ver algo bonito aqui.” (Folhapress)