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Por Redação O Sul | 14 de novembro de 2017
Três horas depois de o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), ter entregue a sua carta de demissão, o Palácio do Planalto divulgou uma nota oficial, na noite de segunda-feira (13), confirmando a saída do tucano do governo e informando que o presidente Michel Temer “dará início agora a uma reforma ministerial que estará concluída até meados de dezembro”. Na nota, Temer agradece a Bruno Araújo pelos “bons serviços prestados” enquanto esteve à frente da pasta.
O presidente não esperava que Araújo fosse antecipar sua saída do cargo, precipitando, assim, a reforma ministerial. A nota foi divulgada depois de uma rodada de reuniões de Temer com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Secretaria Geral, Moreira Franco, e da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, além do secretário de Imprensa, Márcio Freitas.
Araújo era um dos quatro ministros tucanos no governo do PMDB. Desde a votação da segunda denúncia contra Temer, partidos do Centrão vinham pressionando o chefe do Executivo por uma reforma ministerial que lhes desse mais espaço no governo e excluísse os tucanos do alto escalão, em troca de aprovar projetos de interesse do governo como a reforma da Previdência. Pelo seu gordo orçamento, o Ministério das Cidades era um dos principais objetivos da base aliada. O tucano Imbassahy, cujo cargo também é pleiteado por partidos do chamado Centrão, não deu sinais ainda de que poderá deixar o governo.
Ministério das Cidades
Alvo de cobiça de aliados, o Ministério das Cidades tem o 11º orçamento da Esplanada – são R$ 10,1 bilhões previstos na Lei Orçamentária de 2018 –, mas comanda programas com impacto direto nas bases eleitorais, como construção de moradia, redes de esgoto e transportes urbanos. Essas três áreas recebem verbas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), com obras financiadas a juros baixos, e cuja decisão de aplicação tem influência direta do titular da pasta – o Conselho do FGTS é presidido pelo ministro do Trabalho e o vice é o das Cidades.
A relevância da pasta fica ainda mais clara quando se analisam as emendas parlamentares. É a fatia de recursos públicos que deputados e senadores decidem onde gastar. A pasta das Cidades é o quarto ministério que mais recebeu emendas no orçamento de 2018 – são R$ 9,1 bilhões, atrás de Saúde, Educação (que obrigatoriamente recebem 50% das emendas individuais) e Transportes.
Com isso, o dinheiro obedece a decisões políticas para atender aos redutos eleitorais. As intervenções mais vistosas do ministério estão na área habitacional, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso, o Cartão Reforma, lançado na segunda-feira, é uma das principais bandeiras do governo Temer, com R$ 850 milhões para atender 182 mil famílias de baixa renda.