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Por Redação O Sul | 29 de julho de 2017
Com dificuldades internas para apurar o pagamento de propina pela Odebrecht, a Argentina aguarda há mais de um mês o aval do Brasil para montar a equipe conjunta que investigará os fatos narrados pelos delatores da construtora.
No ano passado, executivos da empresa disseram a autoridades americanas terem pago propina de US$ 35 milhões a agentes públicos argentinos, entre 2007 e 2014, para obter três obras de infraestrutura que renderam à Odebrecht US$ 278 milhões em faturamento.
Mas, desde então, as investigações internas patinam, principalmente pela falta de uma lei que permita à empresa celebrar acordos de leniência, como no Brasil, em que executivos confessam os crimes, apresentam provas do envolvimento de autoridades e devolvem o dinheiro desviado dos cofres públicos. A Odebrecht já ofereceu o acordo à Argentina.
No início deste ano, representantes do Ministério Público da Argentina estiveram duas vezes no Brasil para pedir ajuda às autoridades brasileiras. As conversas resultaram na celebração de um acordo entre os Ministérios Públicos dos dois países para formar uma equipe de investigação conjunta.
A parceria foi assinada em Buenos Aires em 16 de junho pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a procuradora-geral da Argentina, Alejandra Gils Carbó. O começo dos trabalhos, porém, ainda depende do “trâmite” nos dois países. No caso do Brasil, a autoridade é o Ministério da Justiça, que integra o Poder Executivo. Na Argentina, é o Ministério das Relações Exteriores, também ligada ao governo, mas que já liberou o processo.
O Ministério da Justiça informou somente que ainda tem “procedimentos a cumprir”. “O Ministério da Justiça é o órgão central que representa o Brasil nos acordos internacionais. Para tanto, tem procedimentos a cumprir, entre eles, o sigilo na tramitação dos acordos até sua finalização. Por isso, neste momento, não pode se manifestar especificamente sobre essa possibilidade de acordo aventada”, diz a nota da pasta.
Técnicos do ministério ainda analisam eventual necessidade de ajuste nos termos do acordo para se adequarem a tratados internacionais. Na prática, isso pode atrasar a formação da equipe conjunta, obrigando os Ministérios Públicos do Brasil e da Argentina a reescreverem o acordo, com novas regras.
A equipe de investigação conjunta é vista como um caminho viável para as apurações. Permite, por exemplo, que procuradores e policiais argentinos, com o apoio dos seus colegas brasileiros, venham ao Brasil colher novas provas a fim de reparar os danos causados no país vizinho. “Qualquer equipe conjunta de investigação facilita, porque acelera e simplifica”, diz Vladimir Aras, responsável pelas cooperações internacionais na Procuradoria-Geral da República. (AG)