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Tito Guarniere Armazém

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Presidente: "Eu sempre falei que era vida e economia." (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

O grau de compromisso com a democracia de um governo é medido pelo respeito que tem com a imprensa. Quando critica governos e governantes, a imprensa está cumprindo parte essencial do seu papel. Imprensa que perdoa, omite, minimiza os erros deles – governos e governantes – é imprensa oficial, é porta-voz, pena alugada.

Todo governo se queixa do tratamento da imprensa, menos nos países onde não há imprensa livre – nestes só existe a versão oficial. Os jornais e emissoras de rádio e tevê encobrem os fatos, só veiculam as notícias de interesse do governo – numa palavra, mentem.

Ou há imprensa livre, e daí decorre que existe um certo grau de democracia, ou se não há, é ditadura. Ponto. Ah, mas a imprensa distorce fatos e comete erros. Sim, é verdade. Mas na democracia há remédios para o erro ou o abuso. É um custo, um mal necessário. Pior é imprensa única, censurada, calada.

Jair Bolsonaro tem ojeriza contra a mídia em geral. Não sei se já houve um governante tão hostil à imprensa quanto ele. É um dos seus lados mais obscuros.

Quando parecia ter se acalmado, de repente, do nada, ele abre a mala de diatribes, ofensas e ameaças contra a mídia e os seus operadores. Perguntado sobre os depósitos do seu amigão do peito, Fabrício Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro, sua mulher, ele espumou: “Tenho vontade de encher a tua boca de porrada, tá?”

Falando aos repórteres sobre a pandemia, ele usou do desprezo chulo que é uma das marcas de sua linguagem: “Quando (a Covid-19) pega em um bundão de vocês (da imprensa), a chance de sobreviver é muito menor”. Àquelas alturas já havia morrido no Brasil 115 mil bundões.

Em outro evento, perguntaram-lhe se ele tinha recibo de um suposto empréstimo a Fabrício Queiroz. Ele partiu logo para xingar a mãe: “Pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu ao teu pai, está certo?”.

Bolsonaro não tem peias nem limites. Um repórter lhe fez uma pergunta incômoda e ele atacou de galo: “Você tem uma cara de homossexual terrível”. Depois, condescendeu: “Mas nem por isso te acho homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”.

Em uma daquelas entrevistas do cercadinho, em dia que parecia estar mais irritado do que de costume, deu uma carteirada presidencial ao repórter que insistia em cumprir o seu ofício: “Cala a boca!”.

Com a jornalista Patrícia Campos de Mello ele pegou pesado. A propósito de uma matéria sobre o uso de robôs na eleição, ele partiu para a baixaria de duplo sentido: “Ela queria dar um furo a qualquer preço”. E por aí vai.

Millôr Fernandes, um gênio da raça, deu a definição perfeita de jornalismo: “Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

Dá para compreender certos medalhões do jornalismo brasileiro que batem parelho nas esquerdas, no Congresso, em ministros do STF, em governantes destronados como Lula e Dilma e na própria imprensa. Eles têm o direito à opinião e de escrever o que bem entenderem – aí fazem jornalismo. Mas quando se omitem sistematicamente de mencionar os ataques e as grosserias de Bolsonaro contra a imprensa e seus colegas jornalistas, estão mais para o armazém de Millôr.

 

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