Domingo, 21 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2021
Experiência em cargos legislativos não falta aos postulantes das presidências da Câmara e do Senado. Mesmo o demista Rodrigo Pacheco, que disputa o comando do Senado durante seu primeiro mandato na Casa, não é um novato na política. O que marca a atual eleição no Congresso é que ela pode significar uma mudança importante na balança do poder, como mostra a disposição com que o presidente Jair Bolsonaro se lançou no jogo.
A maior atenção está na disputa pela Câmara. O deputado Arthur Lira, apoiado pelo Planalto, é a principal liderança do Centrão, bloco que tem garantido apoio ao governo no parlamento. Num momento em que o presidente é questionado pela sua atuação no combate à pandemia, Lira deixa claro que não vai acolher pedidos de impeachment conta Bolsonaro.
O deputado é também a esperança do chefe do Executivo de fazer avançar projetos com a instituição do voto impresso e a facilitação da compra de armas, que foram barrados pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Por conta disso, na Câmara e no Senado, os opositores de Bolsonaro dizem que a independência do Legislativo está em risco. Veja abaixo o perfil dos principais concorrentes nas duas Casas.
Arthur Lira
Político discreto, que sempre atuou nos bastidores, o deputado Arthur Lira (PP-AL) é um dos parlamentares mais poderosos do Congresso. Exímio articulador, ele lidera o chamado Centrão, bloco partidário conhecido por negociar cargos em troca de apoio a governos. Lira é um dos expoentes da chamada “velha política”, que Bolsonaro prometeu abolir, durante a campanha de 2018. À frente do Centrão, esteve ao lado, também, dos governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT).
Advogado, pecuarista e empresário, Lira, de 51 anos, iniciou a carreira política em 1993, e foi vereador em Maceió e deputado estadual em Alagoas. Na Câmara, está no terceiro mandato consecutivo de deputado federal. Ele é conhecido como um rigoroso cumpridor de acordos, qualidade apontada por colegas. Além disso, tem boa interlocução tanto com a ala governista quanto com a oposição.
O parlamentar tem problemas no Judiciário. No STF, é réu em um processo por corrupção. Ele é acusado de ter recebido, em 2012, propina de R$ 106 mil do então presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo. Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Colombo queria apoio político no PP ficar no cargo.
Baleia Rossi
Há 20 anos ocupando cargos no Legislativo, Luiz Felipe Baleia Tenuto Rossi entrou na política em 1992, quando se elegeu vereador em Ribeirão Preto (SP). Militante do antigo PMDB, atual MDB, Rossi teve como principal padrinho político o então deputado Ulysses Guimarães, símbolo do partido e presidente da Assembleia Constituinte.
Rossi também conseguiu espaço no partido devido à influência do pai, o ex-deputado Wagner Rossi. Em 2002, elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito em 2006 e 2010. Ainda durante o primeiro mandato de deputado estadual, em 2004, concorreu ao cargo de prefeito de Ribeiro Preto, mas foi derrotado no segundo turno.
Entre 2010 e 2011, final do governo de Lula e começo da gestão de Dilma Rousseff, Baleia Rossi comandou o Ministério da Agricultura. No entanto, após denúncias de irregularidades na pasta, acabou pedindo demissão.
Voltou a Brasília três anos depois, em 2014, ao se eleger deputado federal pela primeira vez. Na Câmara, assumiu a liderança do partido e trabalhou pelo processo de impeachment de Dilma.
Em 2019, já no segundo mandato de deputado federal, Rossi se aproximou de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Apresentou a primeira Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária, que ainda tramita no Congresso. Naquele mesmo ano elegeu-se presidente nacional do MDB, beneficiando-se da influência do ex-presidente Michel Temer na sigla.
Até o momento, o bloco partidário de sustentação da candidatura de Rossi envolve o MDB, DEM, PT, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade, Cidadania, PCdoB, PV e Rede, cujas bancadas totalizam 236 parlamentares.