Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2021
O uso do PIX como aplicativo de paquera, uma prática que vem crescendo entre os utilizadores da ferramenta de pagamentos instantâneos neste início de 2021, pode comprometer a segurança dos dados dos “pixsexuais”, como eles ficaram conhecidos.
A prática de paquerar pelo PIX viralizou depois que usuários começaram a postar, nas redes sociais, prints de transferências de pequenas quantias para algum “crush”, aproveitando o recurso de mensagem de texto do sistema de pagamentos para interagir com a pessoa — essa função serve para indicar o motivo da transação financeira.
Mas de acordo com o pesquisador de segurança da empresa ESET Daniel Barbosa, tal ação traz riscos para quem expõe suas chaves do PIX na internet. Isso porque o sistema mostra o nome completo do titular da conta vinculada e partes do CPF dele, ao iniciar a transferência, facilitando a ação de criminosos virtuais em busca de possíveis vítimas.
Para Barbosa, o perigo é ainda maior quando o praticante do “PIXTinder” escolhe o CPF ou o e-mail como chave para informar aos pretendentes, divulgando essas informações no Twitter ou outras plataformas. Ele destaca que, nestes casos, “pessoas mal intencionadas já terão praticamente seu cadastro completo”, bastando visualizar a postagem.
Além do CPF e do e-mail, é possível cadastrar o número do telefone como chave do PIX ou escolher um “número aleatório”. Nesta última opção, o próprio banco cria uma chave para você, sem vínculo com os demais dados.
Segundo o pesquisador, a opção número aleatório é a menos arriscada para quem eventualmente precisar compartilhar a chave publicamente, ressaltando que ela só deve ser informada quando for realmente necessário e com cautela.
Quem também alertou sobre os perigos de divulgar dados sensíveis para flertar foi o Banco Central, salientando que o PIX é “um meio de pagamento, não uma rede social”.
Comércio
O Pix caiu no gosto dos brasileiros como ferramenta para transferências bancárias. Mas, para os comerciantes, a novidade do Banco Central ainda não “pegou”. Poucos estabelecimentos estão oferecendo a opção de QR Code para clientes realizarem o pagamento das compras.
Dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mostram que 38% dos bares e restaurantes do país ainda não se cadastraram no sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. E as estatísticas do BC também confirmam esse comportamento.
O número de transações de empresas para empresas foi de 1 milhão em novembro. Já as transferências entre usuários, no mesmo período, aconteceram 24 milhões de vezes. Em volume, os consumidores movimentaram R$ 1,3 milhão em compras, enquanto transferiram R$ 11,4 milhões para outros usuários.
“A demora e a dificuldade para ter acesso a uma política clara de preços, o desconhecimento sobre os custos da transação junto aos bancos é o que tem feito com que os empresários, especialmente os pequenos, esperem um pouco mais para aderir ao Pix”, afirma Kelly Carvalho, assessora econômica da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
A pesquisa da Abrasel mostra que 43% dos participantes do levantamento sentem dificuldade em integrar o Pix aos sistemas do negócio. Sobre as taxas cobradas por bancos, 42% não acham elas atrativas e 28% sentem medo de fraudes e golpes. A soma é maior do que 100%, porque a pesquisa permitia múltiplas respostas.
Para o coordenador do comitê de inovação do Banco Original, Raul Moreira, é preciso dividir esses empresários em dois grupos, ao menos. Enquanto grandes redes do varejo se anteciparam ao lançamento do Pix e prepararam seus sistemas para operar com o meio de pagamentos instantâneo, o pequeno e médio empreendedor ainda estudam como implementar a melhoria.