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Por Redação O Sul | 2 de março de 2018
A partir da próxima terça-feira, as tarifas dos serviços de entrega por meio de Sedex e sistema PAC (Prático, Acessível e Confiável) para clientes de contrato dos Correios serão reajustadas em todo o País. A notícia foi recebida com protestos pelas empresas de comércio eletrônico.
Na internet e especialmente nas redes sociais, os sites de vendas on-line Mercado Livre e Netshoes lançaram a campanha #FreteAbusivoNão, contra o aumento da tarifa. Elas questionam o fato de os índices de reajustes ficarem entre 8% e 51%, enquanto a inflação anual ficou em torno de 3%.
Na página criada pelo Mercado Livre para questionar o reajuste há uma tabela com os novos valores. Um frete de PAC de Joinville (SC) para Fortaleza (CE), por exemplo, passará de R$ 54,02 para R$ 81,51, o que representa uma elevação de de 50,89%. Já se a postagem for de São Paulo (SP) para Brasília (DF), o valor subirá de R$ 14,10 para R$ 15,23, ou seja, uma alta de 8%.
Um dos diretores do Mercado Livre, Leandro Soares, argumenta que o consumidor “não quer e não merece” pagar por um aumento que ele classifica como “tão grande”: “Existem diversas rotas entre cidades fora dos grandes centros e que terão um reajuste de até 51% no valor do frete. A média de elevação será de 29%, de acordo com a tabela nova que recebemos dos Correios”.
A Netshoes, especializada em calçados e outros itens, também questiona a porcentagem e diz que os novos valores devem impactar negativamente sobre as vendas em regiões periféricas. A chefe de operações da empresa, Graciela Kumruian, garante que a ideia agora é tentar reduzir o impacto dessa alta para o consumidor, mas admite que será inevitável repassar parte do reajuste aos clientes: “Caso essa medida seja levada a diante, todos irão perder, inclusive os Correios, que optaram por uma medida simplista e abusiva, em vez de encontrar maneiras criativas de revigorar o seu negócio”.
Justificativa
Questionado sobre os valores do reajuste, a direção dos Correios respondeu que “a Política Comercial dos Correios tem uma estratégia de ‘precificação’ que segue a lógica do mercado e, mesmo com os aumentos de custos, a empresa busca o menor impacto possível nas praças mais relevantes para o e-commerce brasileiro”.
A explicação foi complementada com o argumento da necessidade: “O reajuste médio de 8% vale para a maior parte dos envios atualmente realizados pelos Correios. Para alguns trechos, onde a demanda é menor e os custos maiores, o preço dos serviços reflete essa realidade”.
Taxa-extra no RJ
Além do reajuste para todo o País, os Correios divulgaram a cobrança de uma taxa emergencial de R$ 3 para encomendas destinadas à cidade do Rio de Janeiro. Segundo a empresa, “a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto”.
O Procon do Rio de Janeiro já ingressou com uma ação civil pública na Justiça Federal contra essa cobrança e pede uma liminar para suspender o valor adicional, que considera abusivo e ilegal. Na avaliação da entidade, “a quantia adicional discrimina os moradores da capital fluminense”.