Domingo, 20 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de janeiro de 2020
Em sua primeira fala no Fórum Econômico de Davos (Suíça), o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nessa terça-feira a ideia de que a pobreza é a maior responsável pela destruição do meio-ambiente. Segundo ele, problemas como o desmatamento e a poluição em grande escala acontem “porque as pessoas “precisam comer”.
O representante brasileiro discursava sobre o futuro da indústria em um dos painéis do evento dedicados à pauta ambiental, assunto em evidência absoluta na reunião de 2020. Para Guedes, porém, o Brasil está atrasado em relação à discussão que integra os conceitos de tecnologia e sustentabilidade.
Nessa linha, apontou que a “fome” é um dos obstáculos para alcançar outro patamar em relação ao debate. “O povo quer ter as indústrias e os empregos e, ao mesmo tempo, há uma pressão enorme para manter o ‘verde’, resultando em um equilíbrio delicado”, teorizou. “Mas estou certo de que vamos conseguir. O Brasil está ‘correndo atrás’ para implementar uma indústria mais sustentável, que envolva globalização e inovação.”
O ministro representa o Brasil no Fórum porque Jair Bolsonaro não comparecerá à edição deste ano. Em 2019, primeiro ano de seu governo, o presidente afirmou que o País “é o que mais preservava a natureza no mundo”, declaração recebida com ressalvas e até mesmo ironias por representantes de diversas entidades.
Basta mencionar, nesse sentido, o fato de que o dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, do próprio Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que no ano passado a área total com alertas para esse tipo de dano ambiental chegou a 9.165,6 quilômetros quadrados, após um 2018 com 4.946,37 quilômetros quadrados para o problema. Ou seja, houve um aumentou de 85,3%.
Em relação a essa pauta, porém, o Brasil ficou em evidência internacional pelas proporções dos incêndios na Amazônia em agosto do ano passado, pela tragédia de Brumadinho (MG) e pelo óleo ainda misterioso nas praias da Região Nordeste.
Busca de investimentos
O papel de Guedes em Davos tem como foco a atividade econômica e no esforço de atrair investimentos. A possível entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) também pode ser outro foco discursivo do ministro.
“A ida do Guedes como representante destaca que, daquilo que foi falado um ano atrás, o ponto central é o econômico”, avalia o pesquisador Leonardo Ramos, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais.
“É o Brasil se tornar atrativo para o capital internacional”, prossegue. “A vantagem da ida do Guedes para o governo é de que fica menor o risco de uma patacoada no discurso, típica do Bolsonaro. Por outro lado, se der certo, o Bolsonaro, enquanto sujeito, não vai capitalizar pessoalmente porque não estará lá.”