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Você viu? “As redes sociais reduzem a noção de vergonha, diálogo e empatia” , disse um psicoterapeuta americano

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O ator, na foto com a esposa Giovanna e a filha Titi, nega a afirmação. (Foto: Reprodução/Instagram)

“(…) A menina é preta, tem o cabelo horrível de pico de palha, tem o nariz de preto, horrível, e o povo fala que ela é linda”. Gravadas em vídeo pela brasileira Day McCarthy, essas e outras declarações em que ataca Titi, filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, vêm causando polêmica desde a semana passada nas redes sociais. A criança tem 4 anos e é negra.

“Eu senti o que qualquer ser humano decente sentiria: tristeza, uma sensação de impotência. Covardia, não é? É uma criança”, disse Gagliasso, em entrevista coletiva quando registrou queixa na delegacia, em 27 de novembro. “Mais tarde”, segundo ele, a filha vai ter noção do que aconteceu.

“Quando der um Google, ela vai saber que os pais dela estiveram do lado dela, que os amigos estiveram do lado dela. Vai saber que eu acho que a sociedade inteira esteve do lado dela”, acrescentou, afirmando que a agressora “precisa ser presa”, disse o pai de Titi.

A polícia abriu inquérito e deve intimá-la a prestar depoimento. Em reportagem da rede BBC, o psicoterapeuta, palestrante e autor americano baseado em Londres, Aaron Balick, aborda o quanto os usuários de redes sociais aproveitam plataformas online para ficar “menos inibidos” e, com isso, acabam, por vezes, gerando casos de humilhação pública

Vergonha
O caso exemplifica o que o psicoterapeuta Aaron Balick chama de “novo tipo de vergonha” ? que ganha força no ambiente digital e também é visto em situações como ridicularizar alguém publicamente. “A resposta para o porquê de esse tipo de comportamento estar ficando mais comum é curta: as redes sociais reduzem a noção de vergonha”, afirma ele em entrevista à BBC Brasil, se referindo ao fato de muitos usuários se sentirem com o poder de postar o que quiserem, como quiserem, doa a quem doer. “Esses usuários geralmente estão pensando mais nas curtidas que a postagem vai receber, sem ponderar como essa postagem pode fazer os outros se sentirem”.

As forças que movem as pessoas online são explicadas no livro The Psychodynamics of Social Networking: connected-up instantaneous culture and the self (“A psicodinâmica da rede social: cultura instantânea conectada e o eu”, em tradução livre), escrito originalmente em inglês e ainda sem previsão de publicação no Brasil.

Segundo Balick, é possível envergonhar alguém sem ter a intenção, mas também fazer isso de forma proposital e, nesse caso, “é muito fácil expor a vítima em uma escala imensa”, tendo em vista o tamanho do público que serve de testemunha. “As redes sociais, ajudadas e instigadas pelas tecnologias móveis, geralmente ignoram nossos sistemas de autocrítica e nos dão uma sensação de onipotência que pode ter sérias consequências na esfera social”, alerta. Um bom exemplo disso, diz ele, ocorre quando internautas fotografam estranhos, sem consentimento, para postar nas redes sociais. A partir daí, imagens de alguém comendo no metrô, de pessoas que os outros consideram estar mal vestidas e até de “pessoas atraentes” acabam brotando em grupos virtuais e em meio às timelines – sujeitas a julgamentos em massa.

“Sentimentos ignorados”

“O objetivo do fotógrafo é registrar a imagem e postar, por curtidas e aprovação. Os sentimentos das pessoas que foram fotografadas são comumente ignorados”, diz Balick. “Isso significa que estamos mais propensos a objetificar os outros e a pôr nossas próprias necessidades de validação à frente da necessidade de privacidade deles”.

A noção de vergonha reduzida nas redes sociais é perigosa, segundo o psicoterapeuta, porque torna todos mais vulneráveis ? não só os alvos da postagem, mas também quem posta. “As redes sociais operam como uma extensão do nosso mundo social. Nossos ‘eus’ são estendidos online e nos deixam vulneráveis à percepção dos outros de um jeito que nunca vimos”, opina Balick. “Além disso, há uma escala de exposição, isto é, muitas pessoas podem testemunhar o evento que causa vergonha, junto ao fato de que qualquer evento é propenso a ficar eternamente disponível – o que pode ser fatal para a reputação de alguém”.

Mesmo em uma rede social como o Facebook, que ele avalia como “mais amigável”, as pessoas podem estar inclinadas a serem mais rudes, porque não conseguem o retorno emocional normal de quem está lendo a mensagem ou assistindo do outro lado da tela.

As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado “efeito desinibição online”. Na visão de Balick, isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro. O freio que impede a adoção de certas posturas “na vida real” muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse “efeito”, diz ele.

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