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Saúde Aumento do consumo de álcool preocupa no período de confinamento

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Consumo fora do controle de bebida alcoólica gera enfraquecimento na defesa do corpo, no sistema imunológico, favorecendo assim a contaminação de doenças.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo
Entre os entrevistados que reduziram o consumo, 65% alegaram que foi para cortar despesas. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo)

O aumento do consumo de álcool durante o período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus é preocupante, alertou a presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas), Renata Brasil Araújo.

Segundo ela, inicialmente, a bebida parece trazer euforia, mas, depois, diminui a ativação do freio do cérebro, chamado de lobo pré-frontal. As pessoas ficam com efeitos de mais sedação, mas um efeito colateral é o aumento da impulsividade. E “ficando sem freio”, pode ocorrer um aumento nos índices de violência, em especial, a doméstica e no número de feminicídios.

“Como essa parte do freio do cérebro não está funcionando muito bem, a pessoa fica mais impulsiva, mais intolerante. Se houver intervenção de alguém da família no sentido de parar de beber, isso por si só já gera um descontentamento e uma reação”, advertiu a presidente da Abead.

Há uma semana, a OMS (Organização Mundial da Saúde) também manifestou preocupação com o tema. “O álcool não protege contra a Covid-19, o acesso deve ser restrito durante o confinamento” é o título de um artigo que a entidade publicou em sua página na internet.

Renata Brasil Araújo destacou que o crescimento do consumo de álcool acontece em um momento de isolamento, quando o acesso ao tratamento de dependências químicas está mais difícil. Além disso, segundo ela, algumas pessoas que aumentarem o consumo da bebida durante a reclusão poderão manter esse hábito pós-quarentena e, a longo prazo, isso pode vir a se transformar em uma dependência, que tem um componente biopsicossocial.

“Aquelas pessoas que já têm uma vulnerabilidade biológica e uma predisposição genética para o alcoolismo, junto com uma capacidade emocional mais frágil, estão mais suscetíveis a seguirem bebendo após a quarentena e se transformarem em dependentes do álcool, sim”, analisou.

Atendimento online

Preocupada com o crescimento do consumo do álcool no País, a Abead lançou a campanha #sejaluz, para mostrar coisas positivas na internet, como os botecos virtuais, e orientando a respeito dos cuidados não apenas com o álcool, mas com o tabaco e outras drogas nessa fase de quarentena. “Porque é algo que a gente, provavelmente, vai pagar um custo para isso” acrescenta Renata Brasil Araújo.

Em outra frente, a Abead montou um trabalho voluntário com psiquiatras associados para atender, gratuitamente, até o próximo dia 26, dependentes químicos e seus familiares, pelas redes sociais. O foco são as pessoas de baixa renda que não teriam acesso a tratamento no curto prazo e que na ação recebem orientação em casa.

O serviço pode ser acessado pelo Facebook ou Instagram da associação, ou pelo número de Whatsapp: 51-980536208, pelo qual as pessoas podem marcar consulta e recebem o telefone do terapeuta, psicólogo ou psiquiatra. O atendimento é diário, das 8h às 22h.

Alcoolismo

Especializado no tratamento de dependentes químicos, o psiquiatra Jorge Jaber disse que, durante esse momento inédito em que o isolamento é imposto como forma de prevenção de uma doença, “as pessoas passaram a trazer para dentro de casa hábitos que tinham na rua, como o de beber socialmente”. Soma-se, ainda, possíveis dificuldades econômicas e muita ansiedade.

Jaber ressaltou também que, por conta do distanciamento social, muitos dependentes do álcool estão sem o suporte das reuniões presenciais de grupos de apoio, como os Alcoólicos Anônimos. “É importante lembrar a essas pessoas que as reuniões podem ser acompanhadas através do site da organização”, destacou.

Em entrevista à Agência Brasil, o psiquiatra ressaltou ainda que o consumo fora do controle de bebida alcoólica gera enfraquecimento na defesa do corpo, no sistema imunológico, favorecendo assim a contaminação de doenças, como a Covid-19.

Violência

A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Lucia Ilózio, disse que alguns fatores podem agravar a violência doméstica contra a mulher. “Um deles é o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Esse elemento presente, da bebida alcoólica, pode favorecer, sim, uma maior exteriorização dessa violência”, disse.

Lucia Ilózio afirmou que existem outros fatores de risco, mas o consumo de álcool e drogas se destacam. Ela lembra que muitas mulheres, no isolamento social, não conseguem fazer denúncias, gerando assim subnotificações.

As delegacias de atendimento à mulher (DEAMs) também estão funcionando e há possibilidade de fazer o registro online.

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https://www.osul.com.br/aumento-do-consumo-de-alcool-preocupa-no-periodo-de-confinamento/ Aumento do consumo de álcool preocupa no período de confinamento 2020-04-21
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