Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2024
Bolsonaro disse que "segue junto" com Ramagem.
Foto: ReproduçãoO ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai manter apoio a pré-candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro apesar de ser se irritado com o fato de seu aliado ter gravado uma reunião mencionada em relatório da Polícia Federal (PF) durante operação contra a chamada “Abin paralela” em seu governo.
Em resposta ao colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, Bolsonaro disse que “segue junto” com Ramagem e confirmou sua presença em um evento na próxima quinta-feira (18), no Rio, como parte da campanha do pré-candidato.
“A candidatura do Ramagem está de pé. Estaremos juntos na semana que vem, no Rio. Seguimos juntos”, afirmou à coluna.
O ex-presidente teria se irritado com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou um áudio de uma reunião em que ele, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual a Abin é subordinada) e Ramagem discutem um plano para anular o inquérito das rachadinhas – investigação que fechou o cerco ao senador Flávio Bolsonaro.
Segundo o relatório policial, a gravação de uma hora e oito minutos mostra um plano apresentado por Ramagem e aprovado por Bolsonaro para blindar o filho 01 do então presidente na investigação. Durante a gravação, Ramagem afirmou que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra os auditores “visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
Na sexta (12), o deputado publicou no X (antigo Twitter) que não houve “interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial”.
Apesar do desconforto com Ramagem, o ex-presidente e o PL preparam uma série de agendas na próxima semana para impulsionar a campanha bolsonarista no Rio de Janeiro. Bolsonaro tem compromissos marcados para a capital fluminense, Baixada Fluminense e Angra dos Reis.
Na quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo, pela 4ª fase da Operação Última Milha. A ação faz parte de uma série de investigações da PF sobre uma organização criminosa que agia na espionagem ilegal de autoridades públicas e na produção de fake news dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o que ficou conhecida como “Abin paralela”, durante o governo de Jair Bolsonaro.
As investigações têm mostrado que a organização era bem articulada. Segundo a PF, os criminosos chegaram a acessar computadores, celulares e a infraestrutura de telecomunicações da Abin para monitorar agentes públicos. Os alvos incluíam membros dos três poderes e até jornalistas.
Além do monitoramento ilegal, o grupo também criava perfis falsos para atacar autoridades e divulgar informações manipuladas, trabalho do grupo que recebeu alcunha de “gabinete do ódio” dentro do governo Bolsonaro.
Conforme o blog de Bela Megale, a Polícia Federal suspeita que existam outras gravações feitas por Alexandre Ramagem, quando foi chefe da Abin. Os investigadores estão fazendo um pente-fino em todos os arquivos do computador de Ramagem, onde foi encontrado o áudio descrito na última fase de Operação Última Milha, que investiga monitoramentos ilegais realizados pela Abin. A PF atribui ao deputado a autoria da gravação.
O computador de Ramagem foi apreendido em janeiro, quando ele foi alvo de uma operação de busca da PF na sua residência, em Brasília. A pessoas próximas, o deputado disse que não se lembrava de ter feito aquela gravação e que não é de seu feitio grampear pessoas.