Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro disse na terça-feira (15) que não vai tomar a vacina contra a covid-19. A declaração foi dada ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band. Ele já foi diagnosticado com a doença em julho, mas cientistas ainda não sabem por quanto tempo as pessoas ficam protegidas de se infectar novamente. Bolsonaro ainda afirmou que “vai dar sinal verdade” para qualquer imunizante contra a doença que tenha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Inicialmente, o presidente manifestou resistência à Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês e o Instituto Butantã, ligado ao governo de São Paulo, de João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonar. Nos últimos dias, porém, o governo federal tem afirmado que vai adquirir todos os imunizantes que tenham registro da Anvisa.
Sobre tomar a imunização, Bolsonaro tem repetido que não haverá obrigatoriedade de tomar a vacina, tema que será discutido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana. A postura é diferente de outros líderes, como os ex-presidentes americanos Barack Obama, George Bush e Bill Clinto, que disseram que pretendem tomar o imunizante com cobertura das TVs, como forma de aumentar a confiança da população.
Privatização
Após declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que não vai privatizar a Ceagesp, a gestão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na terça-feira (15) que foi o presidente que incluiu o entreposto no pacote nacional de desestatização.
Em referência a projeto do governo estadual que tenta transferir a administração da Ceagesp para empresas privadas, Bolsonaro disse que “nenhum rato vai sucatear [o entreposto] pra privatizar pros seus amigos”. Para Doria, Bolsonaro está se referindo a si mesmo.
“Bolsonaro deve estar se referindo a si mesmo e ao seu próprio governo. O presidente assinou no ano passado o decreto 10.045, que inclui a Ceagesp no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Governo Federal, conforme o site da União: https://www.ppi.gov.br/desestatizacao-da-ceagesp. O presidente precisa indicar aos órgãos de controle quem é esse “rato” que está no Governo Federal e se beneficiaria da medida. Se não fizer isso, estará prevaricando”, diz nota do governo de São Paulo.
A Ceagesp, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, é a maior central de abastecimento de frutas e verduras da América Latina . Em 1997, foi federalizada e vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e, em 2019, ao Ministério da Economia. O governo estadual quer que o entreposto seja administrado por empresas privadas em outro endereço na Grande São Paulo.
O entreposto ocupa uma área de 60 mil metros quadrados na Vila Leopoldina, uma região que teve alta valorização imobiliária nos últimos anos. A região também sofre com alagamentos e é alvo de reclamações de moradores de prédios, que se incomodam com o intenso trânsito de caminhões na área.
Em 2019, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o então secretário especial de Desestatização do governo Bolsonaro, Salim Mattar, assinaram um acordo para fechar a Ceagesp e transferir o entreposto para outro endereço, que seria construído e administrado por empresas privadas em um terreno às margens do Rodoanel Mário Covas.
A promessa de Doria é entregar a nova sede da Ceagesp até 2024. O governo do estado de São Paulo diz que mantinha as tratativas para viabilizar o novo projeto de mudança da Ceagesp, alinhadas com o governo federal.
Durante a inauguração da torre do relógio do entreposto nesta terça, Bolsonaro, sem máscara e com uma criança fardada no colo, disse que está “desratizando o Brasil” e não vai deixar que a Ceagesp seja privatizada. “Aqui era um ninho de rato. Aqui tem que começar com trabalho de polícia. Porque tem muito bandido aqui dentro”, disse.