Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de outubro de 2018
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) disse que estatais que dão prejuízo “e servem de cabide de emprego” serão imediatamente extintas ou privatizadas em seu eventual governo. Porém, ele ponderou que “não será inconsequente” nos cortes.
“Existem estatais estratégicas, como do setor energético, Banco do Brasil e Caixa Econômica, que nós não pretendemos mexer nelas”, disse, em coletiva de imprensa.
Eletrobras
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse ser contrário à privatização de ativos na área de geração de energia elétrica, assim como gostaria de manter estatal o “miolo” da Petrobras, em declarações que causaram uma queda acentuada especialmente das ações da elétrica Eletrobras.
Em entrevista à TV Bandeirantes na noite de terça-feira, Bolsonaro ainda mostrou-se preocupado com vendas de ativos de energia elétrica para empresas da China, que têm realizado aquisições de diversas companhias privadas, como a CPFL Energia, hoje controlada pela State Grid.
Segundo o candidato, é possível “conversar” sobre privatização do setor de distribuição de eletricidade, mas não dos de geração.
“De jeito nenhum”, declarou ele ao falar sobre a venda de ativos de geração, em um movimento que de certa forma se opõe aos planos do governo atual, de emitir ações e diluir a participação da União na Eletrobras – dona de subsidiárias de geração como Furnas e Chesf.
No caso das distribuidoras, o atual governo já privatizou quase todas as companhias da Eletrobras, com exceção da unidade no Amazonas, cujo leilão está previsto para 25 de outubro, e a de Alagoas, uma operação suspensa provisoriamente por decisão do Supremo Tribunal Federal.
“Quando você vai privatizar, você vai privatizar para qualquer capital do mundo? A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês?”, disse Bolsonaro.
“Suponha que você tem um galinheiro no fundo da sua casa e viva dele. Quando privatiza, você não tem a garantia de comer um ovo cozido. Nós vamos deixar a energia nas mãos de terceiros?”, questionou.
Bolsonaro afirma que o Brasil tem cerca de 150 estatais, e que as que “dão prejuízo” serão vendidas imediatamente, ou até extintas.
“Para mim, energia elétrica, a gente não vai mexer. Até converso com o Paulo Guedes (guru de economia do candidato). O que deu errado lá? É indicação política, que leva à ineficiência e à corrupção.”
Ao meio-dia, as ações preferenciais da Eletrobras recuavam cerca de 14%, enquanto as ordinárias tinham queda semelhante. No caso da Petrobras, as preferenciais caíam 3,7%, e as ordinárias, quase 3%.
No caso da estatal do petróleo, Bolsonaro afirmou que o “miolo dela tem que ser conservado”, mas lembrou que a companhia não tem recursos para explorar o pré-sal.
“Arrebentaram com a Petrobras. E daqui, 20, 25, 30 anos, a energia será outra. O refino dá para privatizar, mas mesmo privatizando algumas coisas tem que ver o modelo. A exploração você tem que abrir… Nós temos tecnologia, mas não temos recurso para explorar.”
Em exploração, o governo atual realizou grande abertura de mercado, o que atraiu companhias estrangeiras como a Exxon Mobil para os recentes leilões do petróleo do pré-sal.
Ele disse ainda ser favorável à redução de impostos de combustíveis.
“Cada litro refinado de diesel custa 90 centavos, não sei se é verdade. E depois a Petrobras bota 150 por cento de margem de lucro e revende, aí vai para o Brasil, você bota em média 30 por cento do ICMS. Ninguém aguenta. Você tem que diminuir a carga tributária”, destacou.
Segundo Bolsonaro, “o País não pode ter uma política predatória no preço do combustível para salvar a Petrobras e matar a economia brasileira”.
“Qualquer coisa no combustível reflete no preço da mercadoria que está na ponta da prateleira”, afirmou
Segundo ele, ninguém quer a Petrobras com prejuízo, “mas também não pode ser uma empresa que usa do monopólio para tirar o lucro que bem entende”.
Ele ponderou ainda que “faltam dados para uma melhor análise”, mas “uma vez sendo presidente a gente vai ter os dados”.