Por Redação O Sul | 7 de março de 2020
Neste final de semana, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido pelo colega norte-americano Donald Trump nos Estados Unidos. Os dois tiveram um jantar privado, na noite desse sábado, no complexo de férias de Mar-a-Lago (Flórida), que o republicano costuma chamar de “Casa Branca do Sul”.
O encontro ocorreu um ano após Trump receber em Washington o então novo chefe do Executivo brasileiro. E foi a primeira reunião entre os dois líderes de direita desde que o presidente dos Estados Unidos desconcertou Bolsonaro com o anúncio, em dezembro passado, de novos impostos sobre o aço e alumínio brasileiros. Embora o governante brasileiro tenha dito que Trump não levará adiante a ameaça, a medida ainda não foi desmentida oficialmente.
Os dois mandatários, de acordo com um comunicado da Casa Branca que não menciona esses impostos, “debateram as oportunidades para construir um mundo mais democrático, próspero e seguro”. Também falaram sobre a crise humanitária na Venezuela e sobre questões ligadas ao Oriente Médio.
A crise na Venezuela é uma prioridade da administração Trump no que se refere à América Latina. O Brasil está alinhado à estratégia de Washington de isolamento total ao regime de Nicolás Maduro, e na semana passada o governo brasileiro ordenou a retirada de todos os seus diplomatas ligados ao chavismo que se encontravam na Venezuela.
Para Bolsonaro, a viagem também representa uma oportunidade de se reunir com empresários à procura de investimentos que possam ajudar o Brasil a corrigir suas perspectivas econômicas. Nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou o que o PIB de 2019 foi de 1,1% (contra 1,3% em 2018 e 2017), e a ameaça de uma queda global provocada pela crise do coronavírus pode nublar ainda mais o horizonte de uma economia que não consegue se recuperar após a grave recessão de 2015 e 2016.
Bolsonaro quer testar seu talento para convencer empresários a investir em um momento de incerteza na economia, estimulada por ele mesmo, como afirmou o presidente da Câmara do dos Deputados do Brasil, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “O governo gera uma insegurança grande para a sociedade e para os investidores. As pessoas estão deixando de investir pela questão do meio ambiente e pela questão democrática”, disse Maia durante evento em São Paulo na sexta-feira.
Agenda
O jantar foi realizado no primeiro dos quatro dias de Bolsonaro no Estado da Flórida, em agenda que inclui uma visita neste domingo (8), na cidade de Doral, ao Comando Sul dos Estados Unidos, que coordena as operações militares no Caribe, Américas Central e do Sul. Bolsonaro deve assinar um “acordo de projetos de pesquisa para compartilhar informação no desenvolvimento de novas capacidades de defesa”.
Já nesta segunda-feira (9), ele terá um encontro com empresários dos dois países para expor as oportunidades de negócio que o Brasil oferece. E na terça-feira (10) visitará em Jacksonville a fábrica da empresa brasileira de aviões Embraer. O governo brasileiro informou que o presidente se reunirá com membros da comunidade brasileira da Flórida, formada por cerca de 400 mil pessoas.
Congresso no Brasil
Bolsonaro saiu de Brasília na manhã desse sábado (7) e fez escala em Boa Vista (RR). Antes de embarcar para os Estados Unidos, falou de um púlpito para um grupo de apoiadores e incentivou a participação nas manifestações do dia 15 de março, que têm em sua pauta ataques ao Congresso Nacional e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
“Para o dia 15 tem um movimento de rua espontâneo, e político que tem medo de rua não serve para ser político”, discursou. “Então participem, não é um movimento contra o Congresso ou contra o Judiciário. É pró-Brasil”, completou, em uma colocação contraditória e delicada, uma vez que se descola de seu papel de homem público ao falar de políticos.
