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Geral Brasileiro que presidiu a Renault e a Nissan, Carlos Ghosn relata abusos do Japão

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Ghosn, que também tem nacionalidade francesa e libanesa, mora no Líbano após fugir da Justiça japonesa dentro de uma caixa. (Foto: Reprodução)

Organizar a fuga de uma casa vigiada pela polícia requer mais rigor no planejamento do que o de uma grande empresa porque nela não há margem para erros, afirma Carlos Ghosn, que comandou em nível mundial a aliança formada pelas montadoras automobilísticas Renault, Nissan e Mitsubishi, que ele próprio criou.

Para explicar em livro a preparação de sua fuga cinematográfica da capital japonesa, em 30 de dezembro de 2019, ele faz comparações com o mundo corporativo: há decisões a tomar, alternativas a considerar e escolhas a fazer, com os riscos inerentes a qualquer decisão.

“Meu plano de fuga tinha de ser bem-sucedido, pois a derrota não era opção. Há momentos na vida em que não existe plano B, tudo tem de dar certo na hora”, escreve.

Para defender-se dos processos de crimes financeiros pelos quais é acusado no Japão e por considerar que não teria um julgamento justo e imparcial, Ghosn fugiu do país e desde então se empenha, por diferentes canais, em provar sua inocência e denunciar o sistema penal japonês.

“Juntos, Sempre: Confidências Sobre um Ano no Inferno” é uma dessas iniciativas. Ghosn não dá detalhes sobre a fuga e toca no assunto superficialmente para não comprometer as pessoas que o ajudaram nessa empreitada.

Em sua defesa, diz que foi vítima de complô tramado pelo estado-maior da Nissan, que temia uma possível fusão da empresa com a Renault. Segundo Ghosn, em fevereiro de 2018, foi questionado sobre esse assunto. Os japoneses estavam inquietos porque o Estado francês, que detém 19,7% das ações da Renault, estava em forte campanha pela fusão.

“Eu era contrário à ideia”, afirma no livro, explicando que só via possibilidade de a parceria dar certo se cada uma das empresas respeitasse a autonomia da outra. Mas não era essa a impressão dos japoneses.

Os executivos da Nissan estavam indignados porque, devido à composição acionária da aliança, 43% dos lucros da empresa estavam sendo contabilizados pela Renault, e eles sequer tinham direito a voto.

Ghosn, que é cidadão franco-libanês-brasileiro, reconhece que sua imagem pública contribuiu para a investida da Nissan. “Nunca fui reconhecido na França como um patrão francês, mas sim libanês. Essa percepção reforçou nos japoneses a convicção de que poderiam agir contra mim sem que a Renault e o Estado francês viessem em minha defesa. E foi exatamente o que aconteceu”, diz.

Ao desembarcar do avião privado em Tóquio, em 19 de novembro de 2018, foi escoltado pela polícia até uma sala do aeroporto onde lhe deram voz de prisão e confiscaram seus pertences, inclusive celular e computador. Não teve direito a dar um único telefonema, nem pôde contar com a presença de um advogado.

Algumas horas depois, foi encaminhado à prisão de Kosuge, em Tóquio, onde ficou por 130 dias em uma cela de 6 metros quadrados. Nela, sob uma luz permanentemente acesa, foi obrigado a dormir sobre um tatame sem travesseiro e com direito a tomar dois banhos frios por semana. “Nenhuma humanidade, nenhuma compaixão”, escreve.

O objetivo de Ghosn com o livro, além de se defender, é denunciar o sistema judiciário japonês. “Lá não existe a presunção de inocência; 99,4% dos acusados são considerados culpados, porque o que interessa é a confissão do réu”, destaca, acrescentando que não são raros os casos de acusados que confessaram para livrar-se do sofrimento psicológico e depois de anos foram declarados inocentes.

Entretanto, ele continua a admirar o Japão. “Amo o senso de disciplina deles e a polidez; amo a culinária e a arte japonesa, um misto de refinamento e simplicidade. Mas descobri também outro aspecto do país que não é nem um pouco edificante”, ressalta.

O livro, escrito em parceria com a mulher, Carole, alterna capítulos com seus nomes, onde cada um dá sua visão da história: ele, como prisioneiro, às voltas com a Justiça japonesa; ela, como mulher, em suas interações com diversos setores da sociedade para libertar o marido. As informações são do jornal Valor Econômico.

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