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Mundo Brasileiros se naturalizam italianos para conseguir trabalho na Europa

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Ministério da Saúde aponta a 18ª queda consecutiva na média móvel de infecções relativa a sete dias, chegando a 59.480. (Foto: Reprodução)

Com uma certa normalização da pandemia e os sinais de estabilização do contágio, voltou a crescer a procura para a obtenção da dupla cidadania, o que faz da Itália o local onde mais brasileiros têm se naturalizado.

O movimento se intensificou a partir de 2018, com os sinais da deterioração política e econômica no Brasil. A eleição de Jair Bolsonaro e os reflexos de seu governo detonaram uma nova onda, invertendo um pouco o perfil dos emigrados.

Os atrativos são muitos: belezas naturais, comida excepcional, qualidade de vida, um clima que vem se tropicalizando (devido ao aquecimento global) e um modo de viver não muito distante ao do brasileiro. Ajuda ainda o fato de o Brasil ter sido um dos destinos da grande diáspora italiana do passado, o que leva a muitos dos descendentes, gerações depois, buscarem as raízes para eles também tornarem-se “italianos”.

“Agora tem muita gente com curso superior, com alguma formação acadêmica ou boas experiências profissionais. São pessoas que buscam sobretudo qualidade de vida”, afirma o empresário Alexandre Garcia, que desde 2017 oferece serviços e consultoria aos brasileiros para a obtenção da cidadania italiana.

Faltam dados confiáveis para cravar se o atual movimento tem algum precedente histórico (nem a embaixada brasileira na Itália, nem o consulado em Roma têm dados a respeito), mas profissionais que lidam com o processo de cidadania confirmam a alta após um período de baixa em razão da pandemia, que travou quase tudo.

Qualidade de vida

Nem todos os novos ítalo-brasileiros, contudo, permanecem na Itália, país cujo mercado de trabalho é menos dinâmico que o de alguns dos vizinhos europeus. Por isso, é normal que muitos dos agraciados com o passaporte italiano utilizem as facilidades da União Europeia para morar em lugares como Irlanda — outra nação que tem uma comunidade brasileira em expansão.

Para os que ficam na Itália, ter curso superior ou alguma formação técnica, além de falar inglês — e também o italiano, claro —, são requisitos fundamentais para as vagas qualificadas.

O brasileiro Fernando Rabone, 28 anos, se mudou em janeiro de 2020, com a mulher brasileira, Amanda Lissa, para Milão, no Norte do país. Descendente de uma família com raízes italianas, Rabone deu sorte tanto para regularizar seu processo de cidadania (“saiu em 30 dias, tenho amigo que esperou um ano”) quanto para conseguir emprego (“encontrei em dois meses”). Formado em ciência da computação, ele atua na área da tecnologia da informação há 12 anos.

“No Brasil, as possibilidades são limitadas. Posso ter um bom salário, mas não segurança e educação”, diz. Os recorrentes assaltos sofridos pela mulher, em Curitiba, também pesaram.

Sem saber o italiano quando se mudou para o país, hoje Rabone já domina a língua e trabalha agora na IBM Itália, sempre na sua área de especialização.

Na segunda metade do século XIX, com a Itália empobrecida e em crise social, um enorme contingente de italianos emigrou para países como Estados Unidos, Argentina, Brasil e Austrália.

Paz

Segundo dados do IBGE, mais de 1,2 milhão de italianos desembarcaram no Brasil entre 1876 e 1920, e quase um terço delas era do Vêneto, região do Norte da Itália de onde partiu, nos anos 1870, o trisavô de Emerson Folador, um engenheiro que há três anos vive em Lecco, pequena cidade na região da Lombardia, também no Norte.

Aos 33 anos, nascido na Baixada Fluminense, Folador trabalhava em Macaé (RJ) numa empresa americana (“o inglês foi um diferencial na Itália”) que prestava serviço para a Petrobras. Especializado em qualidade, ele continuou na área na Itália, ainda que sua função na empresa do setor automotivo onde está empregado seja de analista, e não de engenheiro.

No seu caso, o processo de cidadania demorou. Só por uma certidão que deveria ser expedida pelo consulado italiano no Rio foram seis meses de espera. O custo total do processo, disse, foi de R$ 20 mil.

“Sair do Brasil me trouxe paz”, diz Folador. “Em 2018, vi que o Brasil estava ficando estranho. Infelizmente acertei.” Folador e a mulher esperam um bebê e dizem se sentir mais tranquilos de criá-lo na Europa.

O aumento nos processos de cidadania de brasileiros é acompanhado pela polícia e o Ministério Público italianos. Nos últimos anos, diversos casos de fraude foram revelados. Grupos criminosos ou agências ilegais ofereciam facilidades para a obtenção do passaporte italiano. O custo do processo de cidadania pode superar os € 4 mil (mais de R$ 25 mil).

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https://www.osul.com.br/brasileiros-se-naturalizam-italianos-para-conseguir-trabalho-na-europa/ Brasileiros se naturalizam italianos para conseguir trabalho na Europa 2021-09-05
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