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Mundo Brics: veja como Lula tenta ampliar a influência do Brasil no mundo

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Meio ambiente, novas moedas e mediação na Ucrânia fazem parte de plano do governo. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Nesta segunda-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcará para a África do Sul, onde participará da 15ª Cúpula dos Brics, grupo de países que ele ajudou a fundar e que reúne Brasil, Índia, Rússia, China e o país anfitrião.

O país será o 17º destino internacional de Lula em quase oito meses de governo. Nos bastidores, a visita é tida como mais uma etapa de um projeto ambicioso e construído a muitas mãos: ampliar a influência do Brasil na arena global.

Os pilares desse plano vêm sendo delineados em discursos e ações ao longo dos últimos meses, segundo especialistas. Segundo eles, pautas tradicionais da diplomacia brasileira continuam relevantes como a reformulação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e mudanças no sistema de governança global.

Dólar

Um dos pilares do plano do atual governo para ampliar sua influência internacional é militar pela redução da dependência global em relação ao dólar norte-americano nas transações comerciais.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o dólar se transformou na moeda mais utilizada no comércio global. Na prática, isso obriga que países e empresas comprem dólares para realizarem suas transações.

Nos últimos anos, porém, países como a China, atual segunda maior economia do mundo, passaram a liderar um movimento para a utilização de outras moedas, entre elas, o yuan chinês.

O tema passou a ser recorrente em discursos de Lula desde que assumiu seu novo mandato.

“Toda noite, me pergunto por que é que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar. Por que é que nós não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que é que nós não temos o compromisso de inovar?”, disse Lula em um discurso em Xangai, durante visita ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como “Banco dos Brics”.

A redução da dependência do dólar também foi abordada em outro discurso de Lula, dessa vez diante de outra audiência, na França, em um evento em junho convocado pelo presidente Emmanuel Macron.

“Por que que a gente não pode fazer (comércio) nas nossas moedas? Não sei por que Brasil e China não podem fazer nas nossas moedas. Por que eu tenho que comprar dólar?”, disse Lula na ocasião.

Antes, em janeiro, quando visitou a Argentina, Lula também abordou o assunto e chegou a anunciar que os dois governos estudariam uma forma de realizar suas transações comerciais em uma espécie de moeda ou unidade monetária comum.

Diplomacia ambiental

Outro tema que passou a fazer parte da plataforma de expansão da influência brasileira no mundo é a pauta climático-ambiental.

Antes mesmo de assumir a presidência, em dezembro de 2022, Lula incorporou de vez o tema em seus discursos ao falar a chefes de Estado durante a 27ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-27), no Egito.

Lá, ele prometeu zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e disse que seu governo tentaria conciliar o crescimento econômico à sustentabilidade ambiental.

Parte do projeto de ampliar a influência do Brasil no tema também passou pelo lançamento da candidatura de Belém, capital do Pará, para ser sede da COP-30, em 2025.

Em Belém, aliás, se deu outro passo desse projeto. Há duas semanas, o governo brasileiro promoveu a Cúpula da Amazônia. O evento reuniu países da região amazônica além de representantes de países ricos em florestas tropicais fora da Amazônia como a República do Congo, República Democrática do Congo e Indonésia.

Diplomatas brasileiros afirmam que o objetivo do país é se transformar em uma espécie de “porta-voz informal” dos países ricos em florestas em fóruns internacionais como as COPs.

Em jogo estão recursos estimados em US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países ricos a nações em desenvolvimento como forma de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, fenômeno causado, principalmente, pelas emissões de gases do efeito estufa produzidas por países desenvolvidos.

Guerra

A terceira aposta citada pelos especialistas como parte do projeto do Brasil de ampliar sua influência global é a que, segundo eles, tem sido menos mencionada nos últimos meses: a mediação de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

Nos bastidores, o raciocínio é de que a influência internacional do Brasil aumentaria se o país conseguisse atuar de forma significativa em um eventual acordo de paz entre Ucrânia e Rússia.

Logo que assumiu a presidência, Lula passou a defender a criação de um clube de países não envolvidos com o conflito com o objetivo de intermediar o processo de paz.

Mas ao mesmo tempo em que defendia a ideia, Lula deu declarações que causaram reações de países europeus e dos Estados Unidos. Em visita à China, em abril deste ano, Lula disse que era preciso que nações parassem de “incentivar” a guerra.

“É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comece a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para que a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo mundo e a guerra só está interessando por enquanto aos dois”, disse o presidente.

Dias depois, ele deu a entender que a responsabilidade pelo conflito era tanto do presidente da Rússia, Vladimir Putin, quanto do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

As declarações causaram reações na União Europeia e nos Estados Unidos. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou a fala de Lula na ocasião.

Em meio às declarações e às reações, Lula enviou um de seus principais conselheiros em política externa, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim a encontros com Putin, Zelensky e com líderes de países como a Arábia Saudita, que tenta mediar um acordo de paz.

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https://www.osul.com.br/brics-veja-como-lula-tenta-ampliar-a-influencia-do-brasil-no-mundo/ Brics: veja como Lula tenta ampliar a influência do Brasil no mundo 2023-08-19
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