Terça-feira, 28 de outubro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Variedades Busca por padrão estético inalcançável pressiona homens gays com efeitos na saúde física e mental

Compartilhe esta notícia:

Redes sociais e pornografia também reforçam ansiedade, dizem especialistas. (Foto: Freepik)

A busca por um corpo perfeito, alimentada por padrões estéticos inalcançáveis e reforçada nas redes sociais, tem afetado de forma crescente a saúde física e mental de homens gays. Entre dietas extremas, exercícios exaustivos e a constante comparação com imagens idealizadas, especialistas alertam que a pressão por se adequar ao “corpo padrão” reflete feridas antigas — ligadas à necessidade de aceitação e à construção da masculinidade dentro e fora da comunidade LGBT+.

“Não tem como você ser perfeito, e é importante se lembrar disso todos os dias”, afirma o dermatologista Thiago Cunha, que atua na clínica de saúde mental e estética Espaço Arquétipo.

Segundo o médico, quando as pessoas não tinham tanta tecnologia e exposição constante a câmeras, a percepção da própria imagem era menos intensa. E o processo natural de envelhecimento também é algo com que é preciso lidar.

“As mudanças vão acontecer. Com o tempo, você vai notar essas transformações na sua pele e ao se olhar no espelho. É impossível evitar isso. Mas é possível se relacionar com o corpo de uma forma saudável, sem buscar a perfeição inatingível”, diz.

João Jacobs, psicólogo LGBT+ afirmativo, explica que essa pressão estética tem raízes que remontam à infância e a uma “heterossexualidade compulsória”, processo que muitos da comunidade enfrentaram desde cedo.

São situações cotidianas que, segundo o psicólogo, reforçam a ideia de que a pessoa deve se encaixar em um padrão heteronormativo. Um exemplo está na dança de festa junina de uma escola, quando o menino gay é obrigado a dançar com uma menina, ou nas celebrações de aniversário, em que o nome anunciado no “com quem será” é o de uma menina.

“Meninos heterossexuais que gostam de futebol são socialmente validados dentro desse estereótipo de masculinidade. Qualquer criança que foge dessas expectativas fica sujeita a agressões, exclusões e preconceitos”, diz Jacobs.

Diante dessa sensação de não pertencimento e inadequação, muitos acabam desenvolvendo um mecanismo para conquistar valor e aceitação, um comportamento conhecido como “síndrome do bom menino” entre profissionais de psicologia e psiquiatria.

“Eles compensam isso [sentimento de inadequação] demonstrando mais afeto, cumprindo suas responsabilidades de forma rigorosa ou sendo o melhor da turma. Com isso, começam a medir seu valor pessoal a partir da imagem que projetam para os outros, criando mecanismos de compensação emocionais que buscam reconhecimento externo”, afirma o psicólogo.

“Essa ‘síndrome do bom menino’ vai aparecer mais tarde como uma pressão estética, quando muitos homens gays sentem que precisam corresponder a certos padrões para serem aceitos socialmente, como [atender] o ideal do homem gay másculo”, acrescenta Jacobs.

A tentativa de corresponder a padrões externos pode se intensificar na vida adulta.

Os especialistas lembram que para muitos homens gays o início da vida sexual é marcado pela ausência de afeto e experiências amorosas, e a pornografia acaba sendo o primeiro contato —o que ajuda a reforçar estereótipos pouco realistas.

“Com as minhas inseguranças e tendência de comparação, acabei desenvolvendo diversos transtornos alimentares”, diz o jornalista L.F., de 32 anos. Ele conta que ainda estava no ensino médio quando desenvolveu anorexia e bulimia, condições agravadas pelo consumo de álcool.

À medida que se envolvia mais com a comunidade LGBT, a cobrança estética crescia, ele afirma. “A gente começa a frequentar lugares e festas onde as pessoas ficam sem camisa o tempo todo. Isso acaba virando algo que te consome.”

L. diz que a pressão estética chega a “triplicar” quando se busca relacionamentos. Ele conta que, embora parceiros elogiassem seu corpo, frequentemente acrescentavam que ele “ficaria melhor” se treinasse mais. Também diz ter enfrentado etarismo em aplicativos de encontros e nas redes sociais, onde memes rotulam a fase dos 30 anos como a “terceira idade do homem gay”, com apelidos como “gay cacura” e “maricona”.

“A gente ainda vive rodeado por memes, gírias e brincadeiras que muitas vezes são bullying e etarismo mascarados”, afirma.

O psicólogo João Jacobs lembra, contudo, que esse desejo constante por validação de corpos considerados padrão intensifica a pressão e promove comparações que prejudicam a saúde mental.

“Todo esse contexto pode levar a isolamento social, ansiedade, depressão, transtornos alimentares e dismorfia corporal e contribui para a alta prevalência de adoecimento psíquico e suicídio na população LGBT”, conclui. (As informações são da Folha de S. Paulo)

tags: Você Viu?

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Variedades

Geração Z e TikTok impulsionam consumo de MPB dos anos 1960
Madonna chama atenção com rosto mais natural após fase marcada por aparência “overfilled”
https://www.osul.com.br/busca-por-padrao-estetico-inalcancavel-pressiona-homens-gays-com-efeitos-na-saude-fisica-e-mental/ Busca por padrão estético inalcançável pressiona homens gays com efeitos na saúde física e mental 2025-10-26
Deixe seu comentário
Pode te interessar