Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2020
Entre os diversos problemas causados pela pandemia do coronavírus, alguns só irão ser percebidos quando ‘tudo passar’. Entre essas questões, a relação humano e cachorro pode fazer parte da equeção. Em reportagem publicada pelo jornal britânico The Times, Roger Mugford, psicólogo animal e conhecido por treinar os cães da Rainha Elizabeth II, afirmou que essa fase com muita proximidade entre donos e animais pode gerar excesso de dependência e, no futuro, extrema ansiedade.
“Com sobrecarga de tempo com suas famílias, os cães estão criando um grande excesso de depenência e podem sofrer bastante quando ‘mães e pais’ voltarem ao trabalho e as crianças para escola. A separação pode gerar ansiedade extrema nos milhares de cachorros que estão se acostumando com [a nova rotina dos] seus donos”, explicou Mugford. A Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade Contra Animais disse que esse colapso mental pode gerar uma série de comportamentos erráticos: defecar, urinar, uivar, mastigar e tentar sair de casa. Filhotes podem entrar em pânico e até praticar coprofadia, onde defecam e depois consomem as próprias fezes.
A ansiedade de separação não é apenas psicologicamente prejudicial. Os relatórios da SAPCA enfatizaram que os animais de estimação podem tentar cavar e roer portas ou janelas, o que pode resultar em lesões pessoais, como dentes quebrados, patas dianteiras cortadas e raspadas e unhas danificadas.
Contágio em animais?
Embora haja evidências de que o COVID-19 tenha surgido de uma fonte animal, fato é que agora ele está se espalhando pelo mundo de pessoa para pessoa. Mas segundo a Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, não há razão para acreditar que qualquer animal, inclusive os de estimação, sejam uma fonte de infecção por este novo coronavírus.
Para entender melhor a situação: os coronavírus pertencem à família Coronaviridae e apenas os tipos alfa e beta-coronavírus costumam infectar mamíferos. Tanto o coronavírus canino, que pode causar diarréia leve; quanto o felino, que pode causar peritonite infecciosa; são alfa-coronavírus. Já o COVID-19, que tem causado alvoroço ao redor do mundo, pertence ao beta-coronavírus e, até o momento, parece adoecer apenas humanos.
No momento, não há evidências de que cães e gatos adoeçam ou possam espalhar esta doença específica. Ainda assim, é recomendado que se restrinja o contato com eles em casos confirmados até que se tenha mais informações sobre o comportamento deste vírus. Afinal, esta é uma situação em rápida evolução e é importante atualizar-se à medida que novas informações forem disponibilizadas por órgãos oficiais.
“Quando possível, peça a outro membro da sua família que cuide dos seus animais enquanto estiver doente. Se você estiver doente com COVID-19, evite o contato com seu animal de estimação, incluindo acariciar, aconchegar, ser beijado ou lambido e compartilhar alimentos. Se você precisar cuidar do seu animal de estimação ou ficar perto de animais enquanto estiver doente, lave as mãos antes e depois de interagir com os animais e use uma máscara facial”, sugere a Associação em comunicado oficial.
Caso seu pet tenha entrado em contato com uma pessoa doente e manifeste uma doença sem causa específica, converse com o agente de saúde pública que estiver acompanhando o tratamento do indivíduo doente e ele deverá entrar em contato com o veterinário de saúde pública de sua área. Apenas sob a recomendação deste profissional, leve o animal a uma clínica veterinária, mas não deixe de avisar antes que o pet foi exposto a uma pessoa com COVID-19. Isso dará tempo à clínica para preparar uma área de isolamento.