Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de junho de 2016
A vida nunca foi tão fácil para espiões e tão difícil para os paranoicos. Há câmeras por todos os lados – da babá eletrônica ao celular no bolso – e nenhuma delas é completamente imune a invasões. O medo de estar sendo observado já criou um mercado: só na loja virtual da Amazon, há pelo menos seis produtos diferentes para bloquear a lente dos computadores, dos tablets e dos smartphones.
Há ainda técnicas mais rudimentares, como a do diretor do FBI (a polícia federal americana) James Comey, que disse usar um pedaço de papel sobre a câmera do laptop. “Qualquer câmera em um dispositivo com acesso à internet é vulnerável, o que muda é o grau de complexidade da invasão”, afirma Thiago Tavares, presidente da ONG Safernet, que recebe denúncias de crimes cibernéticos. Segundo ele, a organização tem relatos desse tipo de ação no Brasil desde 2008.
Câmeras de segurança privadas e babás eletrônicas são as mais suscetíveis porque costumam ser protegidas por senhas fáceis – não raro, pelo padrão de fábrica (como os números 123456) –, segundo Tavares.
Em janeiro, o departamento de questões ligadas ao consumidor de Nova York (EUA) emitiu um alerta orientando pais a adotar precauções após receber relatos de estranhos invadindo os monitores das crianças e até conversando com elas no meio da noite.
Senhas fortes são importantes.
Senhas complexas, com letras, números e símbolos, são o primeiro passo para se proteger, de acordo com Nelson Barbosa, especialista em segurança da Norton. Ele também recomenda configurar o roteador para que a rede Wi-Fi fique em modo oculto.
No caso de computadores e tablets, o acesso costuma ocorrer do mesmo modo que uma infecção por vírus: o download de programas ou arquivos mal-intencionados.
Falhas de sistema e redes desprotegidas também são portas de entrada para hackers, segundo Miriam von Zuben, analista do Cert (Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança), ligado ao Comitê Gestor da Internet.
Para se prevenir, o conselho é: mantenha o antivírus, o antispyware e o firewall ativos e atualizados e não se conecte a redes desconhecidas. Nos smartphones, a espionagem acontece por meio de aplicativos com acesso à câmera e ao microfone.
É normal que aplicativos populares, como WhatsApp e Instagram, usem áudio e fotos. Já um jogo de corrida, por exemplo, é suspeito, segundo Lucas Teixeira, da CodingRights, organização com foco em direito e internet. Nas configurações dos sistemas iOS, do iPhone, e do Android 6.0, do Google, o usuário pode ver quais programas utilizam a câmera e o microfone e desautorizar o acesso.
Motivação.
As razões mais comuns para invasão de câmeras são perseguição, chantagem e “até mesmo diversão”, afirma Miriam. Independentemente da motivação, o ato é crime com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
Quem for vítima de espionagem deve em primeiro lugar desligar o aparelho suspeito, de acordo com Barbosa, e não apagar as ameaças e eventuais evidências que possam ajudar na investigação das autoridades. O segundo passo é procurar de preferência uma delegacia especializada em crimes cibernéticos.
Porém, se você foi espionado ou desconfia de que possa ter sido, desligue o dispositivo invadido e acione uma delegacia especializada em crimes cibernéticos (lista completa em www.safernet.org.br) ou, se não for possível, a polícia comum. Se você foi alvo de ameaças, não apague as mensagens recebidas – elas são evidências. (Folhapress)