Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
20°
Thunder

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil A campanha de vacinação contra a gripe será um novo desafio para o País

Compartilhe esta notícia:

Variações do vírus da gripe em circulação levam à necessidade de atualização das vacinas a cada ano. (Foto: Cristine Rochol/PMPA)

O Brasil terá nas próximas semanas mais uma campanha de vacinação em curso, contra a gripe. Fazer essa imunização em massa, para 80 milhões de pessoas, em paralelo com outra de grande dimensão, a de covid-19, é uma situação inédita no País e trará muitos desafios, avaliam especialistas.

A preocupação passa por questões de logística, armazenamento, organização dos locais de aplicação, controle de períodos necessários de espera entre as doses e, principalmente, pela comunicação com os públicos-alvos, para que eles não deixem de comparecer.

“É possível a coinfecção de covid e influenza. Ninguém tem bola de cristal para dizer o que vai acontecer, mas efetivamente não podemos abrir mão dessa vacinação (contra gripe), porque ainda é um problema de saúde importante, principalmente nos grupos mais vulneráveis”, afirma Carla Domingues, epidemiologista que foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) por oito anos, até outubro de 2019.

Neste ano, a campanha contra a influenza vai começar mais tarde do que em 2020, quando foi antecipada pela gestão federal em 23 dias e teve início em 23 de março. Foram vacinadas 73.672.162 pessoas do público-alvo, 88,8% de uma meta de 90%. Agora nem há data exata para o lançamento. O Ministério da Saúde anunciou apenas que será na segunda quinzena de abril.

“É de praxe começar mesmo em abril e ir até julho, agosto. O ano passado é que foi uma exceção porque, com o começo da pandemia, entendeu-se que você vacinando as pessoas contra gripe, que tem sintomas semelhantes, desafogaria o sistema de saúde, colaborando para não criar um colapso. Foi uma decisão muito acertada, na minha opinião”, avalia a médica Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Mas agora não é essa a realidade. Estamos na campanha da covid e ainda não chegou a vacina da gripe. E alguns públicos-alvos se misturam nesta situação.”

Idosos, profissionais de saúde, professores, indígenas e portadores de doenças crônicas são alguns dos grupos considerados prioritários para ambas as campanhas. Para eles, a grande questão, destacam Domingues e Levi, é orientar que as vacinas de covid e gripe não podem ser tomadas ao mesmo tempo. Como os imunizantes contra o Sars-CoV-2 são novos e estão aprovados apenas para uso emergencial, é necessária a espera mínima de 14 dias entre a aplicação deles e de qualquer outra vacina.

“Não temos estudos ainda que mostrem que não vai haver interferência, seja na imunogenicidade, que é a capacidade de produzir anticorpos tanto para uma vacina quanto para outra, seja pela própria questão da vigilância de eventos adversos”, explica Domingues.

E como controlar esse intervalo?

“Teremos esse complicador de ter que perguntar a cada pessoa a ser vacinada: ‘Você já fez vacina de gripe ou de covid? Se fez, sua segunda dose contra covid está marcada para quando?’. E, numa vacinação em massa, isso é muito difícil de se fazer”, destaca Levi.

A médica, que acompanha os planos do Ministério da Saúde por meio da SBIm, entidade responsável por ajudar nas decisões das campanhas, conta que a estratégia estudada pela pasta é a de inverter as prioridades neste ano. Assim, os primeiros chamados para a imunização contra a influenza serão as crianças (até 6 anos, idade delimitada pelo PNI) e as gestantes, por serem grupos que não estão envolvidos na campanha contra a covid. Somente na sequência é que devem ser convocados os profissionais de saúde e os idosos, que normalmente estariam antes no calendário, conta Levi.

Mesmo assim, ela calcula, é grande a chance de ver alguns idosos serem convocados para as duas vacinas ao mesmo tempo.

“Dependendo do número de doses e da celeridade da campanha contra a covid, corre-se o risco de uma sobreposição principalmente nas faixas etárias dos 60 e 70 anos. Isso é uma preocupação ao meu ver. Não é nada que não possa ser evitado com uma boa comunicação, mas a gente tem visto que é um telefone sem fio as informações que chegam lá ponta nas UBSs [Unidades Básicas de Saúde]”, opina. “Os idosos vão perguntar: ‘O que eu faço? Gripe ou Covid?’. Esses detalhes são importantíssimos. Precisamos pensar o que vai ser falado para as pessoas.”

Para Levi, os idosos, se estiverem diante dessa situação, devem priorizar a proteção contra a covid.

“Eles também têm risco maior de morte por gripe, mas a gente tem em média mil mortes por ano por gripe no total. E por covid estamos tendo quase duas mil por dia.”

tags: em foco

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O ministro do Supremo Gilmar Mendes é criticado por colegas por revanchismo contra a Operação Lava-Jato
No Brasil, as mortes por coronavírus ultrapassam 264 mil e casos chegam a quase 11 milhões de pessoas infectadas
https://www.osul.com.br/campanha-de-vacinacao-contra-a-gripe-sera-um-novo-desafio-para-o-pais/ A campanha de vacinação contra a gripe será um novo desafio para o País 2021-03-06
Deixe seu comentário
Pode te interessar